14.12.2011 |
O sonegador |
Nós vivemos num país onde todo mundo sonega: informações, serviços, impostos, caridade, amor, compreensão, carinho, ajuda mútua. Este é um país de sonegadores, sem dúvida alguma.
Os empresários, que têm de pagar mais de cinqüenta impostos e dezenas de taxas para os cofres públicos, fazem das tripas o coração, para se manter nas suas atividades e esse exercício, é na maioria das vezes, o exercício de sonegar imposto, até porque, a sonegação é o que sobra depois de pagar todos os encargos, taxas e impostos incidentes sobre a cadeia produtiva. Quando ainda sobra.
São perseguidos, policiados, auditados, acusados, processados durante toda a vida.
Alguns são até presos.
Essa enxurrada de impostos incidentes sobre a cadeia produtiva é de uma injustiça visível e execrável.
Basta dizer que, um funcionário de qualquer empresa, com registro em carteira, que ganhe salário nominal de quinhentos reais, recebe menos de quatrocentos e cinqüenta e o empregador gasta mais de mil, com os impostos incidentes, ao final de cada mês.
Um litro de gasolina sai das refinarias da Petrobrás por cinqüenta e dois centavos e chega à bomba, para o dono do posto, por mais de dois reais, só com os impostos incidentes.
Com o óleo diesel, combustível que impulsiona o país, a proporção é a mesma.
E vai por ai a fora.
É imposto demais sobre a produção, a comercialização, os serviços, os salários.
A avidez governamental para arrecadar cada vez mais, leva a que os que podem, faça o máximo para sonegar o pagamento.
E na maioria das vezes, o deixar de recolher os tributos, é a única forma encontrada para manter o negócio em andamento, sem fechar as portas e sem aumentar ainda mais o desemprego.
Até porque, o empregador de mais de noventa por cento das empresas brasileiras, tem menos de 20 empregados e, por isso mesmo, torna-se amigo de cada um e faz de tudo para manter o seu negócio.
Tenho absoluta certeza de que, mais de noventa por cento dos empresários brasileiros, trocariam com o governo o seu negócio para ficar apenas com dez por cento dos impostos que recolhe aos cofres públicos.
É só o governo fazer a proposta: fica com a empresa, assume todos os riscos do negócio e dá, mensalmente, dez por cento do valor dos impostos, que não ficaria mais de uns mil empresários no país. Se ficar mil.
Agora vem outro aspecto a se considerar.
Quem sonega mais: o contribuinte ou o governo?
Não dá nem para comparar.
O governo, federal, estadual e municipal, é o maior sonegador do Brasil.
Sonega de tudo.
Até respeito para com o contribuinte, que pagando impostos, os mantêm no poder.
Se você andar por Maringá e vir o estado lastimável de abandono em que se encontram ruas e avenidas, praças, parques e jardins, e está ai a sonegação do serviço público que não é feito. Buracos nas ruas, calçadas estragadas.
As filas nos postos de saúde, com falta de atendimento médico e de remédios, é a sonegação a um direito universal do ser humano, que não é cumprido.
Se você for de Maringá só até Paiçandu, verá o estado lastimável da rodovia que o governo do Paraná deveria conservar e não o faz.
Os bandidos dominam as cidades.
Em Maringá não é diferente.
Enquanto isso falta policial, falta estrutura física, falta veículos.
Somos prisioneiros em nossas próprias casas.
A falta de segurança é hoje uma das maiores preocupações do paranaense.
E o governo do estado sonega os meios necessários para dar tranqüilidade ao povo que paga impostos.
E o governo federal que, cada vez arrecada mais do esbulhado contribuinte, é o maior sonegador de todos.
Isso já vem de muito tempo.
O governo é o maior sonegador do Brasil.
Sonega informações. Sonega salários decentes para o seu quadro funcional. Sonega serviços que deveria fazer. Sonega direito e transforma o contribuinte, seu mantenedor, sempre, num crápula que precisa ser policiado para não deixar de recolher os impostos e as taxas.
E com o grande e maior sonegador não acontece nada.
Não há lei que o obrigue a deixar de sonegar.
Acho que a sociedade civil deveria encetar uma grande campanha para que o congresso nacional criasse uma lei capaz de punir aos integrantes dos governos, em todos os níveis, por sonegar serviços, sonegar atendimento, sonegar direitos aos brasileiros.
Afinal, é justo que, sonegadores de impostos, sejam castigados quando não recolhem os tributos, justos ou injustos, aos cofres públicos.
Mas, seria extremamente justo que os prefeitos, governadores e presidentes e seus ministros e secretários, também fossem castigados por sonegar saúde, assistência social, justiça, educação, estradas, portos, escolas, faculdades, limpeza pública, segurança ao povo, principalmente, aos mais humildes, além claro, de ir para a cadeia quando essa sonegação é seguida de roubos e assaltos aos cofres públicos, como infelizmente acontecem todos os dias pelo país afora.
É preciso que haja uma grande conscientização do povo, para saber que, o maior sonegador deste país, é o governo: federal, estadual e municipal.
Ademar Schiavone
Foto: Reprodução |
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