02.07.2017 |
Família Moleirinho, 65 anos de trabalho |
Uma das mais tradicionais e reconhecidas de Maringá, a Família Moleirinho celebrou na última semana 65 anos de trabalho na Cidade. Desde a chegada na década de 1950 do integrante mais famoso do grupo, Joaquim Duarte Moleirinho, o sobrenome esteve diretamente ligado à história do município a partir da criação de diversas empresas, geração de empregos e apoio em diversos setores que auxiliaram na industrialização e no desenvolvimento da Cidade Canção.
No dia 22 de junho de 1952, Joaquim iniciava a construção da carreira em Maringá, um local recém emancipado politicamente e sem qualquer tipo de estrutura em comparação com os dias atuais. Vinda de Portugal, a Família também teve papel fundamental na criação e sustentação do Centro Português, da Sociedade Rural de Maringá (SRM), da Expoingá e de projetos sociais para crianças carentes. Atualmente, por meio do curtume que completa 35 anos de existência, dezenas de empregos são gerados com a realização de serviços especiais, como a especialização do abate de bois para a comunidade judaica, além de parceria que resultou em diversos projetos de iniciação científica e pesquisas.
Com o apoio dos filhos mais velhos, Amorim e Virgulino Pedrosa Moleirinho, Joaquim criou o Grupo Central inicialmente com um açougue. Em poucos anos durante a década de 1970 o empreendimento cresceu e gerou um frigorífico. A partir do sucesso do local, outros frigoríficos foram fundados antes do Curtume Central, em 1982. Somente na unidade de Maringá, o número de abates de gado chegava a 3,5 mil por dia, fator que movimentou a criação e sustentação efetiva de 1,5 mil funcionários, em uma época que a Cidade possuía cerca de 40 mil habitantes.
Ao todo, o Frigorífico Luso Brasileiro Central era considerada uma das 10 maiores empresas do Paraná.
Anos mais tarde, durante o início da década de 1990, Amorim deixa a administração dos frigoríficos e passa a gerenciar exclusivamente o curtume. A partir da morte de Joaquim e Virgulino e a decisão de parte da família em não dar continuidade com a história dos frigoríficos, o curtume torna-se o único empreendimento em funcionamento sobre responsabilidade da Família Moleirinho. Respeitado pela comunidade em razão da atuação para a autonomia energética em Maringá, com a orientação da primeira usina hidroelétrica, Amorim também se destacou regionalmente com a participação por quase três décadas em áreas voltadas ao desenvolvimento.
Por aproximadamente 25 anos na diretoria da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), ex-presidente e um dos fundadores do Centro Português, um dos clubes mais tradicionais da Cidade, cofundador do Lar Escola, organizador, junto da Família, da Escola de Futebol Central, voltado para crianças carentes, e coordenador regional da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Amorim recebeu por parte da Câmara de Vereadores o título de Cidadão Honorário de Maringá. Após a recente morte, a filha Olga Moleirinho assume a administração do curtume.
Atualmente com a produção de 1 mil peças de couro por dia e apoio de 80 funcionários efetivos, o Curtume Central é considerado referência na área, mesmo em meio a diminuição das atividades industriais registradas em todo o País. Através de serviços especializados para a comunidade judaica, a empresa maringaense recebe a partir de amanhã (3) a de grupo israelense para a inspeção do chamado abate kosher, que respeita as tradições da religião. Com a presença de um rabino, o local e os métodos utilizados serão verificados para que a atividade continue a ser considerada como adequada para o uso de produtos bovinos por parte dos judeus.
De acordo com Olga, com o oferecimento do abate especial, referência no pré-preparo de gelatina para empresas e produção em escala significativa para a produção de bolsas e sapatos, o Curtume Central e o sobrenome Moleirinho mantém viva a manutenção da história de desenvolvimento de Maringá. “Comemoramos em junho 65 anos de trabalho da Família em Maringá e 35 anos do curtume. Depois de todo este tempo e agora com esta crise que estamos vendo no Brasil, nós estamos com a produção cheia, com os nossos funcionários e estamos contratando”, afirma a empresária.
Em meio às celebrações e a visita do rabino de Israel, também nesta semana o estabelecimento inicia a adesão ao novo Refis, Programa Especial de Regularização Tributária. A partir da iniciativa tomada, Olga acredita que ainda neste ano o Curtume Central volte a realizar exportações. “O curtume antes fazia muita exportação. Durante aproximadamente 10 anos, foi a maior empresa exportadora de Maringá. Desde a criação, o local foi considerado referência nacional em qualidade e ajudou a desenvolver a Cidade”.
Nos últimos anos, o local se transformou em empresa-escola a partir de parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR). Em razão do sistema de tratamento de resíduos de ponta, estudantes das áreas de ciência e tecnologia da instituição das cidades de Umuarama e Paranavaí visitam constantemente o curtume para a elaboração de projetos de iniciação científica e programas de pesquisa na área que resultaram em propostas como asfalto sustentável, entre outras iniciativas, que se utilizam do couro como principal matéria-prima.
Redação JP
Foto - Reprodução |
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