18.07.2009 |
Vivendo na Metrópole |
A tarefa de sobreviver nas grandes cidades não é nada fácil. Pessoas correndo, carros em trânsito frenético, anúncios, aglomeração humana, sirenes, buzinas, relógio despertando. A metrópole pulsa, as pessoas se agitam e o cotidiano parece ser uma grande corrida, na qual o primeiro lugar sempre é o posto a alcançar. Será mesmo que tudo isso vale a pena?
Georg Simmel, um dos notáveis sociólogos alemães, definiu um termo muito utilizado na área – e que até rompeu as barreiras das ciências sociais: o blasé. Um indivíduo blasé possui uma grande “intensificação dos estímulos nervosos”, além de criar mecanismos para se diferenciar dos demais. Típico da metrópole, um blasé preza pela pontualidade, calculabilidade e exatidão, pois é o tempo que rege seu modo de vida.
Ainda assim, a anonimidade e a impessoalidade dominam o modo de vida metropolitano. Afinal, este mecanismo criado pelas pessoas serve para delimitar espaços, para demonstrar que “eu não sou você”. Cada qual no seu lugar, cada um cumprindo seu papel. Você, que mora em um condomínio, sabe quem é o condômino da porta da frente? E nas residências, nos bairros, a amizade na vizinhança é como antes? Às vezes, saímos de casa de carro e tampouco nos damos ao trabalho de ir até a panificadora da esquina comprar um pãozinho a pé.
Tais características dos habitantes da metrópole ocasionam uma frouxidão nas relações sociais. Se na pequena cidade os laços são fortificados, à medida que a cidade se desenvolve, a possibilidade de atuação individual passa a ser maior. Os laços de amizade, a solidariedade outrora típica do ser humano já não vale mais. Também, pra que vou me preocupar com quem vive ao meu redor?
Ser blasé é ser indiferente, não impressionar-se com o que existe. Ser blasé é viver na metrópole e nem ter amigos na vizinhança, não gastar tempo consigo mesmo, mas gastar o tempo para ter mais dinheiro – e saber em quanto tempo poder gastá-lo. Quem sabe se não vivendo mais “como antigamente” este blasé que existe desapareça, provando que ainda há salvação para as relações sociais...e para a sociologia.
* Tiago Valenciano é graduado em Ciências Sociais e Mestrando em Ciências Sociais pela UEM. tiagovalenciano@gmail.com
Foto: Arquivo Maringá Mais |
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