25.11.2008 |
Produtores devem ficar no vermelho |
Em matéria do jornalista Flávio Laginski para o jornal O Estado do Paraná, o presidente da Alcopar - Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná, Anísio Tormena, que é também coordenador nacional do Fórum de Liderança Sucroalcooleira, fala da safra de cana e da atual crise: “Tínhamos uma boa expectativa para a safra da cana-de-açúcar este ano, mas a crise financeira mundial vai fazer com que os produtores fechem o ano no vermelho”. Ele explica que a falta de capital, somada a fatores como clima e alta nos insumos, vêm deixando os produtores temerosos – embora a safra da cana este ano deva superar a do ano passado em 11,4% e a tendência de crescimento da demanda interna por seus derivados nos próximos anos, além das exportações, seja otimista, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O cenário descrito por Tormena atualmente, porém, não é dos mais animadores. Embora acredite que haverá uma solução diante de todo esse colapso financeiro, uma vez que não é a primeira crise que o setor enfrenta, certamente, diz ele, haverá seqüelas para a área sucroalcooleira do Paraná, a segunda maior do Brasil, perdendo apenas para São Paulo. “Estamos sofrendo com esse problema. Algumas empresas estão muito vulneráveis a tudo isso que vem acontecendo e estão com dificuldades de honrar seus compromissos. Se medidas para sanar essa crise não forem tomadas, poderemos Ter cortes na produção e nos trabalhadores”, avisa.
Para chamar a atenção do governo federal, a associação preparou um documento que foi apresentado em uma conferência sobre biocombustíveis em São Paulo, na semana passada. O conteúdo do material, diz Anísio Tormena, revela a necessidade dos produtores em receber o apoio para o segmento e da urgência em abrir linhas de créditos. “Assim, seria possível enfrentar a crise sem maiores percalços. Precisamos de capital para poder movimentar o setor. Nosso segmento é muito importante para ficar sem ajuda, pois produzimos produtores nobres”.
Além da crise financeira, outros fatores contribuíram para dificultar a vida do setor sucroalcooleiro. Segundo Tormena, o excesso de chuvas, principalmente no mês de agosto, e a alta dos insumos agrícolas, como o fertilizante, que duplicou de preço, fez com que a crise se intensificasse. Isso acabou refletindo nos números da safra. “Nossa previsão era colher em torno de 55 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Contudo, devemos colher 42 milhões. Apesar de tudo, a safra será ligeiramente melhor que a do ano passado, quando obtivemos 41 milhões de toneladas”.
ÁREA
Embora a crise tenha afetado todo o setor sucroalcooleiro do Brasil, houve um aumento de 15,7% na área plantada de cana-de-açúcar. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe -, foram cultivados 917,9 mil hectares a mais que em relação a 2007, com uma área total estimada em 6,53 milhões de hectares. São Paulo foi mais uma vez o destaque com crescimento de 12,2% da área cultivada. O Paraná vem em segundo lugar, com 90,9 mil hectares a mais em comparação ao ano anterior. Isso significa um aumento de 17,7%. S;o no Estado, o segmento gera 80 mil empregos diretores e 500 mil indiretos e tem nas regiões norte e noroeste o seu expoente.
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