27.02.2017 |
Ulisses Maia afirma: “fizemos revolução” |
Terça-feira, 21 de fevereiro, ainda na sala de espera do gabinete de Ulisses Maia (PDT), enquanto a reportagem aguarda ser recebida, o prefeito chama assessores para tirar fotos de uma reunião.
Enquanto isso, na porta de sua sala, o chefe da Guarda Municipal de Maringá, Renato Lucena junto com o secretário de Gestão, Laércio Fondazzi, o aborda e reclama de três viaturas que estão sem pneu e outra que está encostada depois que um servidor da corporação bateu o veículo contra um poste.
Maia também pede a intensificação de rondas na região do Bosque II, no cruzamento da Avenida Itororó com a Avenida Juscelino Kubstchek.
Depois de algum tempo de espera, a reportagem é recebida na sala do Gabinete. No teto, as marcas dos aparelhos de escutas que foram descobertas logo após Maia assumir o mandato, já foram apagadas e furos de quadros nas paredes, herdadas da antiga gestão também foram tampados. O ambiente também recebeu nova pintura durante a viagem do prefeito a Curitiba na semana retrasada.
Com franqueza, Maia respondeu a várias perguntas de assuntos que estão em evidência já nos primeiros meses de seu mandato, como os inquéritos nas maiores obras em andamento do município, reposição salarial dos servidores municipais e outros assuntos polêmicos. Em outros temas, o prefeito preferiu não se pronunciar, como o novo horário das sessões no Legislativo e se esquivou de comentar a suspeita de irregularidades nos contratos do Restaurante Popular. Contudo, Maia se diz realizado com o trabalho que vem desempenhando.
Prefeito, o senhor fez denúncias sobre possíveis irregularidades em grandes obras em curso na cidade, o que está sendo feito?
O que eu acho é que nós estamos percebendo uma série de irregularidades e estamos com a missão de verificar e resolver. Onde estamos encontrando os problemas vamos encaminhar para a Câmara e para o Ministério Público (MP), mas nós temos que resolver como no Parque Industrial, onde já estamos trabalhando com a Copel e com a Sanepar, e já estamos atuando para resolver esse problema, que vai demorar de dois a três anos e vai custar em torno de R$ 26 milhões.
Em entrevista recente ao JP, o ex-prefeito, Carlos Roberto Pupin afirmou que a verba para instalação de alimentadores no Parque industrial já estava prevista no orçamento e que no fim do mandato já havia negociado com a Sanepar a rede de água e esgoto. Isso é verdade?
Se fosse assim, porque ele não fez? Ele ficou quatro anos na administração, Quando ele entrou o Parque Industrial já tinha sido até entregue naquela eleição (2010). A energia, tudo bem com 20 milhões de reais você resolve o problema, mas e a questão do esgoto, como ele quer que a empresa se instale lá? Vai furar uma fossa? Ele disse que pode construir, mas se a empresa construir, só terá luz se for com gerador, não tem como construir e se tivesse ele já teria liberado, porque eles já venderam todos os lotes. Eles receberam R$ 45 milhões dos empresários e nenhum está construindo e não tem como construir. Claro que existe solução, mas vai custar muito dinheiro, e eles em nenhum momento (a administração Pupin) falaram isso para a população, os empresários principalmente. Eles enrolaram todo mundo omitindo que precisariam fazer essas obras. Nós vamos levar energia e o tratamento de esgoto, vamos deixar em condições de funcionar. Não temos o dinheiro, mas vamos ter que ir atrás de outras áreas. Ainda não temos previsão de onde virão dinheiro, mas vamos ter que ir atrás desse recurso. Vamos dar um jeito.
Recentemente, o procurador do município Alexis Kotsifas esteve no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O que foi discutido na ocasião? E sobre o pedido de auditoria de investigação no Parque Industrial, houve resposta?
A ida do Alexis ao TCE foi para suspender um precatório, (ordem que o Tribunal de Justiça determina para colocar no orçamento de alguma dívida) de mais de R$ 90 milhões de alguns servidores que entraram contra a prefeitura. Esta ação é ligada a Trimestralidade, não é a grande ação que envolve mais de 2,7 mil trabalhadores é outra menor e ele conseguiu suspender a ordem, porque se tivesse que pagar isso aí, você travava o município. Quanto ao pedido de auditoria acredito que Tribunal fará essa investigação, mas ainda não tivemos resposta. A prefeitura não vai entrar na investigação, porque esse é um papel da Câmara Municipal.
Em outras duas obras, Terminal Intermodal e Restaurante Popular também, ao que tudo indica, foram encontradas irregularidades?
No Terminal Intermodal, a administração passada errou na omissão de informação a população. Desde junho do ano passado eles sabiam do problema e não fizeram nada. Principalmente no período eleitoral. Eles imaginaram que venceriam a eleição e continuariam a enganar a população, mas não foi o que aconteceu. No Restaurante Popular, o que acontece é que o contrato vence dia primeiro de março e nós temos que fazer outra licitação, mas antes dessa licitação que é mais demorada nós vamos renovar o contrato para não ficarmos sem servir a população, nós vamos resolver.
Sobre o aumento das receitas de impostos municipais, onde serão aplicados esses recursos?
Eu sempre digo que Maringá não tem problemas com recursos, o problema foi a (má) gestão dos recursos, por exemplo, a saúde. Na saúde nós temos aproximadamente R$ 400 milhões por ano no orçamento e não justifica você ter fila de espera para consulta especializada. Iniciamos o mutirão, e a previsão é de no máximo três meses zerarmos as consultas e pra isso, nós dobramos a capacidade do Hospital Municipal comparado ao mesmo período do ano anterior, ou seja, o hospital era subutilizado, era um elefante branco, agora nós estamos fazendo ele funcionar. Ele já está operando com 80% da capacidade de funcionamento e nós vamos levar a 100%, com isso, nós desafogamos as UPAs. O próximo passo é resolver os atendimentos nos postos de saúde que faltam muitos médicos, principalmente na pediatria que é nosso foco de ação.
Também vamos investir em prevenção o que não vinha sendo feito. Nós temos o Programa (Estratégia) Saúde da Família que está totalmente desestruturado, agentes comunitários de saúde recebendo R$ 1.050,00 de salário, quando piso nacional é R$ 1.400,00 então há um desestímulo, o serviço está desestruturado e nós vamos reestruturar.
Como será relação da administração com o servidor público municipal?
A relação com o servidor é muito tranquila, eles sabem que nós os estamos respeitando, fizemos a reforma extinguindo 400 cargos de confiança e 10 secretarias que era um anseio dos servidores, estamos prestigiando os servidores de carreira nos 150 cargos de confiança que foram mantidos e garantimos o fim das perseguições, o fim do assédio moral.
Prefeito de que forma será feito esse combate ao assédio moral?
Proibindo. O nosso comando é enérgico com
relação a isso o secretário está proibido de cometer qualquer tipo de perseguição e se ele detectar no setor tem que agir, e tem que ser na hora, e se for comprovado nós tomaremos providências.
Sobre o vale-alimentação, há previsão de quando ele vai ser efetivado? Haverá reajuste com ganho real nos salários este ano, já que a administração anterior não deixou previsão orçamentária para isso?
Eu acredito que dentro de 30 dias ou pouco mais. Ele está tramitando, mas nós vamos pagar e acreditamos que vai melhorar a vida principalmente para quem ganha o salário base do funcionalismo municipal que é de R$ 1.050,00, que dá pouco mais de 20% de reajuste. Isso significa que ele vai ter um aumento significativo por causa do vale-alimentação. Em relação ao reajuste nossa conversa com o sindicato é permanente. Então vamos verificar, temos os limites (financeiros LRF) a obedecer, agora isso será feito de forma transparente de forma aberta com o servidor, o sindicato vai verificar os números, eles vão trabalhar junto com a gente para buscar a solução. O que for possível, nós vamos fazer.
O que o prefeito acha da mudança de horário das sessões do Legislativo, já que esta mudança foi feita pela mesa diretora da câmara quando o senhor foi presidente da Casa?
Eu peço licença para não comentar sobre o horário da sessão. Essa é uma decisão do legislativo, não devo me envolver em assuntos internos da Câmara. Outra coisa, eu não estou montando, nem vou montar base de apoio na Câmara porque pra mim, a câmara tem 15 vereadores independentes não é base, nem oposição. Então, esta será minha conduta, bastante diálogo, sempre quando eu mandar os projetos pra lá explicarei, mas assuntos internos eu não devo me manifestar.
Sobre as escutas que foram encontradas no Gabinete, há novidades sobre as investigações?
Isso não foi coisa feita para nós, no nosso mandato, isso era coisa que já existia. Agora quem pôs, porque pôs, o que ouviu eu não sei, e é a polícia que vai atrás disso, mas que tinha uma escuta, isso tinha, um sistema. Até minha conversa com o delegado e minha percepção é que eles desmontaram quando nós assumimos, mas não integralmente, deixaram parte dos fios e um transmissor na sala do chefe de gabinete e deixaram esses rastros que foram detectados por nós.
A instalação do Centro Cívico de Maringá no local onde funcionava o antigo aeroporto é um projeto antigo. O que está sendo feito para isso?
Eu penso que nós temos que planejar e levar a prefeitura pra lá sim, porque a prefeitura paga hoje R$ 5,3 milhões por ano em aluguel. Cada ano paga um prédio. Embora nesse momento, não estejamos nos dedicando a isso, a gente já planeja esta mudança, pois não é uma coisa em curto prazo. Acredito que fica muito mais fácil concentrar todos os serviços públicos lá, hoje temos vários locais espalhados. Inclusive, estamos apoiando a retomada das discussões para o Fórum também ir pra lá, nós já estamos trabalhando nisso, mas vamos redirecionar a área que era revista para o local, pois ela corta a praça salgado filho (que fica em frente ao prédio do antigo aeroporto), porque nem o judiciário deseja isso, muito menos nós. Então vamos mudar a destinação da área para construir o Fórum.
O senhor planeja rever os contratos de publicidade? Como isso será tratado na sua gestão?
Primeiro, a publicidade tem que ser pensada num caráter educativo e não num caráter de promoção pessoal, nem do prefeito e nem da administração. Faremos publicidade sim, mas com campanhas educativas, com relação ao trânsito, e relação à reciclagem, separação do lixo e limpeza dos terrenos, por exemplo. Essas campanhas beneficiam a cidade porque o resultado dela retorna através de uma mudança de comportamento da população.
Quanto à prestação desse serviço, está em curso licitação para escolher a empresa vencedora.
Quanto às suspeitas de sumiço de imobilizados na prefeitura, o que o senhor tem a dizer sobre isso?
Eu ouvi essa informação, mas somente um inventário de todo o patrimônio do município vai apontar isso. Eu não acredito que devem ter sumido bens do município, agora se o inventário apontar isso, nós vamos mandar para o Ministério Público.
Como o senhor avalia esses primeiros quase 60 dias de gestão?
Eu fiquei muito feliz com o cargo, porque eu percebo que com poucos dias nós estamos fazendo já uma revolução. Dá pra perceber que faltava boa vontade, o parque do ingá, por exemplo, nós fomos lá fizemos uma visita e percebemos que faltava um cuidado com o parque, limpeza, tiramos caminhões de entulho, como (eles) deixaram chegar a esse ponto? Além disso, há um clamor de investigação em relação à obra de substituição do portal. Já encaminhados solicitação de investigação para a controladoria do município para verificar o processo do portal se tá tudo ok.
Cláudio Santos
Foto - Cláudio Santos |
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