11.07.2010 |
Memórias de um bom sujeito |
Morreu um homem importante para a história de Maringá.
Um homem que foi protagonista e participante ativo dessa historia.
Prefeito duas vezes, Said Ferreira governou a cidade por dez anos.
E, em outros dois, foi deputado federal, eleito com uma votação exuberante na cidade.
Said fez a história acontecer.
Sempre gostou de política. Tentou ser vereador em 1972. Em 1976 foi candidato a prefeito por uma sublegenda da extinta Arena.
Muito bem votado, quando da criação dos novos partidos, ingressou no PMDB e iniciou a sua campanha para a eleição de 1982.
Eleito fez uma boa gestão, embora com muita polêmica e brigas inúteis, com vereadores, com seu vice-prefeito e com lideranças políticas.
Passou a ser amado por uns e odiado por outros.
Tinha uma boa sustentação nas amizades angariadas pela sua participação no Cursilho da Cristandade, da Igreja Católica.
Uma das suas maiores obras – o Teatro Calil Hadad – foi iniciada nesta sua primeira gestão e concluída na segunda.
Em 1990 elegeu-se deputado federal com uma votação exuberante na cidade.
No entanto, jamais deixou de fazer campanha para voltar à prefeitura.
Em 1992 elegeu-se prefeito com mais de sessenta e quatro por cento dos votos.
Maringá é hoje um centro universitário de respeito no país, graças ao então prefeito Said Ferreira.
Foi ele quem bancou a criação e a manutenção dos cursos de medicina e de odontologia da UEM. Foi uma luta heróica e que beneficiou em muito a nossa cidade.
A construção do aeroporto internacional de Maringá foi, também, uma luta pessoal do então prefeito.
Se, no entanto, Said teve esse indiscutível mérito de ver longe a necessidade futura da consolidação da cidade, de outro lado, politicamente, acabou cometendo erros históricos que levaram ao fim sua carreira.
Primeiro quando declarou apoio público, como prefeito, ao então candidato Lula à presidência.
A cidade não aceitava de jeito nenhum. Foi seu primeiro erro. Depois quando deixou o PMDB para ingressar num partido sem nenhuma expressão e liderança zero.
Sem apoio partidário e envolvido no escândalo que resultou na cassação do mandato do prefeito Jairo Gianoto, candidatou-se a assembléia legislativa e, com uma votação minúscula e ridícula, enterrou-se politicamente.
Nunca comunguei da cartilha política do Dr. Said.
Seus métodos não condiziam com os meus.
Tem coisas que nunca entendi nele.
Mas, é preciso reconhecer que Maringá é hoje um centro universitário de respeito e qualidade em nosso país, deve-se em muito à tenacidade e a coragem do então prefeito Said Ferreira.
Ademar Schiavone
Foto: Arquivo Maringá Mais |
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