Início Colunistas Mortes prematuras

Mortes prematuras

Nos últimos dias, as notícias de duas mortes, em meio tantas, me chocaram particularmente. Ontem ( 01/03), soube da do jornalista Murilo Gatti, aos 41 anos, em plena idade produtiva, com muito a realizar na existência. No sábado tomamos um choque ao saber que um cliente nosso que estivera no escritório no começo da semana passada, sem aparentar qualquer  problema de saúde  ( depois soubemos que os tinha), falecerá aos 35 anos de idade, vítima de infarto.
           
Como pode isso acontecer? Dois jovens,  o Murilo, a quem conhecia, sem conhecer ( nunca nos falamos pessoalmente), e o admirava como profissional,  não sabia que sofria de um tumor do cérebro. Rodrigo, um parceiro comercial em Cianorte, que realizava como muita competência o trabalho de captação de novos clientes naquela região, para nossa pequena empresa, ambos com a vida toda pela frente, como se costuma dizer. Como explicar?
           
Deus os chamou, dirão alguns religiosos. Outros, que a morte é consequência do pecado na humanidade. A verdade é que esta ( a morte) é ‘a certeza mais incerta’ que temos na vida. É certo que vai acontecer para todos e felizmente não sabemos o dia, e de que modo. Se veio para jovens como Murilo e Rodrigo,( 35 e 41 anos) ainda chegou para FHC, Sarney, Pedro Simon, só para citar três nomes conhecidos, beirando ou passando dos 90 anos.
           
A morte, que chegará para todos, é apenas do corpo físico e disso não tenho a menor dúvida, ao contrário dos que imaginam o fim de tudo. Murilo e Rodrigo vivem. Desapareceram  seus corpos e com eles os registros ( RG-CPF, por exemplo), de suas existências  atuais, que só morrem uma vez. Eles continuam, em Espírito, vivos, onde conhecerão as razões de existências tão  curtas e voltarão no futuro, com novos corpos, novos registros, na Terra ou em outros planetas.
           
A propósito de mortes prematuras, vejamos um texto para reflexão:
         
 Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.
       
Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.
        
Crede-me, a morte é preferível, numa encarnação de vinte anos, a esses vergonhosos desregramentos que pungem famílias respeitáveis, dilaceram corações de mães e fazem que antes do tempo embranqueçam os cabelos dos pais. Frequentemente, a morte prematura é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai e que assim se preserva das misérias da vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vítima da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não convir que ele permaneça por mais tempo na Terra.
         
É uma horrenda desgraça, dizeis, ver cortado o fio de uma vida tão prenhe de esperanças! De que esperanças falais? Das da Terra, onde o liberto houvera podido brilhar, abrir caminho e enriquecer? Sempre essa visão estreita, incapaz de elevar-se acima da matéria. Sabeis qual teria sido a sorte dessa vida, ao vosso parecer tão cheia de esperanças? Quem vos diz que ela não seria saturada de amarguras? Desdenhais então das esperanças da vida futura, ao ponto de lhe preferirdes as da vida efêmera que arrastais na Terra? Supondes então que mais vale uma posição elevada entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?
           
Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando apraz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.
         
Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu.’

Que este texto, ditado pelo Espírito- Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris, em 1863 e que consta do Livro Evangelho Segundo Espiritismo sirva para reflexão e consolo de todos aqueles cuja morte física prematuramente leva entes queridos, particularmente dos de Murilo e Rodrigo, e de tantos e tantos que passam pelas mesmas situações.

(*)Akino Maringá, colaborador do Blog do Rigon
Foto – Reprodução

COMPARTILHE: