Todo mundo que morava nas redondezas de Maringá conhecia o compadre Frederico e a comadre Cassilda, aquelas duas simpatias das Lojas Itajaí.
Frederico veio de Santa Catarina acostumado ali a ser chamado de “Frederrico” pelo sotaque alemão muito comum naquela região. Porém brincava dizendo que na verdade era um “Fredepobre”. Somente em Maringá, trabalhando umas vinte horas por dia (ele mais a comadre) é que passou a ser mesmo um “Fred” realmente “rico”.
Começou com uma loja, montou depois outra e mais uma que chamava de lojão. Todo esse progresso graças ao seu espantoso ritmo de trabalho e a uma técnica publicitária genial, “imitada, mas nunca igualada”, como costumava dizer, repetindo um refrão famoso.
Ninguém se esquece de uma campanha de vendas intitulada “Lavando a égua”. O compadre colocou uma égua de verdade dentro da loja e mandou ver nos anúncios divulgados espalhafatosamente pela imprensa e pelo rádio.
Foi um baita auê. Os que não se conformavam com aquilo levaram a reclamação até ao plenário da Câmara de Vereadores, onde a ousadia do bem-humorado lojista, apontada como “ofensa à cultura da cidade”, foi debatida por umas duas horas.
Frederico acabou tirando a égua dali, mas a campanha continuou e vendeu barbaridade. A bronca surtiu efeito favorável e ajudou a encher a loja de gente vinda dos bairros e de todas as cidades em redor.
Logo depois ele apareceu com outra campanha igualmente brincalhona: “Matando o boi”. Dessa vez não colocou nenhum zebu no interior da loja, mas expôs um enorme couro na porta do estabelecimento para chamar a atenção da freguesia.
Sua especialidade era dar ao anúncio um título que não tinha nada a ver com a mercadoria oferecida, mas que atraía compradores de montão: “Jamanta arrasou fusca”, “Caiu do nono andar”, “A encrenca foi feia”, “O trator virou”, “Arrancando pêlo”, “O pio do guarda falhou”, “Furou a barriga do neném”, “Elefante brigou com o camelo”, “O alemão quase xingou”, “Até o padre gostou”…
Hoje as propagandas são bem mais sofisticadas, uma quase obra de arte. Mas o compadre Frederico não queria saber de arte nenhuma. Bolava uma frase maluca e deixava rolar.
A. A. de Assis
Foto – Reprodução