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Não entendo, mas compreendo

Uma postagem que fizemos, com a frase do título, motivou comentários, dentre os quais resumo o mais destacado:

‘Se fala de política, suponha que parte do eleitorado esteja buscando encerrar o ciclo da corrupção e bandidagem na política brasileira . Esqueça nomes.Admita que não é possível o Brasil ser liderado pelo que há de pior na política.

Pense que manter a pobreza é o foco desses discursos populista, como o assegurar carne e cerveja. Avalie o quanto você deu duro na vida para ter e ser quem é. Valorize o aprendizado em sua caminhada. Reflita: Acha razoável se submeter a corruptos?’

Respondo,digo eu, explicando o uso, aparentemente contraditório, dos verbos entender e compreender negando e afirmando ao mesmo tempo:

Compreender é perceber as intenções ou o sentido de algo; Pode ser sinônimo de entender, que significa ouvir, perceber, saber. Logo podemos dizer que é possível entender um assunto, mas não compreendê-lo, ou vice versa.

Sim, falo do momento político, das manifestações, que para muitos são antidemocráticas ou golpistas, contestando resultado das eleições, curiosamente,só para presidente da república.

Manifestações que clamam por intervenção militar, e um golpe de estado que permita a continuidade do mandato do atual chefe de governo, mesmo derrotado nas urnas.

Não entendo como pessoas esclarecidas, alguns profissionais do direito, defendam a interferência das forças armadas para impedir a diplomação e posse do eleito, ferindo mortalmente a democracia, que a duras penas foi reconquistada pelo povo brasileiro, após revolução ou a intervenção militar de 1964, como queiramos definir.

Mas compreendo a rejeição ao petismo e a Lula, em boa medida por culpa de erros do passado e pela criação de uma verdadeira seita, o bolsonarismo, que sob o comando de líder de intenções duvidosas, parece entorpecer uma massa de pessoas, fazendo algumas perderem o bom senso.

Prosseguindo, analiso, como respostas, o comentário do amigo: Quero acreditar que a quase totalidade do eleitorado de ambos os candidatos não compactue com a corrupção dos políticos, mas alguns cometem deslizes corruptos, em interesses pessoais, oferecendo ‘ cervejinhas’, ‘cafezinhos’, e outros mimos, para obter facilidades que julgam não prejudiciais ao todo, como evitar uma multa de trânsito, ou obter atendimento privilegiado numa repartição, além da sonegação de impostos.

O que seria bandidagem na política brasileira, caro Paulo? ‘Mensalão’, ‘petrolão’, ‘rachadinhas’, ‘orçamento secreto’, ‘pastores na educação’? Não é possível o Brasil ser liderado pelo que há de pior na política e nos piores políticos, disse meu amigo, pedindo minha reflexão:

Pensei, pensei mais um pouco e lembrei de políticos, como Valdemar da Costa Neto, Arthur Lira, Ciro Nogueira, Bolsonaro, Lula, só para ficar em alguns. É o que temos no momento. Sobre pobreza, alguns criticavam o ‘Bolsa Família’, e depois se agarraram ao ‘Auxílio Brasil’, que tem o mesmo objetivo, visando as eleições e votos dos pobres, fora a necessidade.

Reflito sobre os significados das palavras bolsa e auxílio. Bolsa, de Bolsa Família, seria dinheiro ou pecúlio para despesas comuns. Já auxílio, de Auxílio Brasil, adjutório, ajuda, assistência. Por que mudou de nome a ajuda aos necessitados? Politicagem, interesse eleitoreiro, para não associar a um dos candidatos.

Sobre ‘picanha e cerveja’, que pessoas como nós já conseguimos ter acesso porque tivemos oportunidades, é uma metáfora estender a todos. No meu caso nem foi tanto esforço assim. Penso que há pessoas que suaram mais, o meu foi esforço mais intelectual. Outros não tiveram, digamos, a sorte que tive.

Finalizo dizendo que não gostaria que fossemos governados por corruptos, mas zerar essa chaga não é fácil, e depende de cada um nós combatê-la, primeiro em nós, não importa quem seja o governante.Vamos fiscalizar, manter a mobilização, pressionar deputados e senadores.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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