O assunto de hoje foi sugerido por uma de nossas ouvintes através do meu Instagram. Ela compartilha uma experiência complicada com alguém que mora com ela.
Brinco, por vezes, que há indivíduos que necessitam saborear um “chazinho de ‘se toque'”. Alguns parecem não perceber quando a outra pessoa está “carregando o piano sozinha”.
Tais problemas podem ocorrer nos mais diversos ambientes: casa, trabalho, escola… Afinal, onde há pessoas, há problemas; onde há pessoas, há aquelas que permitem que as obrigações se acumulem sobre um único indivíduo.
No ambiente de trabalho, normalmente, há uma divisão de tarefas entre os membros de uma equipe. Às vezes, essa divisão é realizada pela própria liderança. Outras vezes, a organização é responsabilidade das pessoas frente às demandas solicitadas. E nem sempre isso funciona.
Em algumas ocasiões, alguns colegas acabam assumindo mais responsabilidades que outros, lidando com prazos mais apertados ou resolvendo problemas que fogem à sua competência. Ou, pior ainda, uma única tarefa que necessitaria do esforço conjunto acaba sobrecarregando uma única pessoa, tornando a vida de quem cumpre as obrigações um caos.
Tais situações geram estresse, desmotivação e conflitos no ambiente de trabalho. Por isso, é crucial que cada um saiba o seu papel e o seu limite, respeitando igualmente o dos outros.
Em relação aos colegas de faculdade, a situação pode ser semelhante. Muitas vezes, temos que realizar trabalhos em grupo ou estudar para provas em conjunto. Porém, nem todos têm o mesmo nível de comprometimento ou interesse no assunto. Alguns podem procrastinar ou simplesmente não cumprir com sua parte, deixando os outros em apuros. Isso pode prejudicar o desempenho acadêmico e o relacionamento com o colega.
No âmbito doméstico ou nos relacionamentos afetivos, a questão da sobrecarga pode ser ainda mais delicada. Estamos falando de pessoas que se amam e que querem o bem uma da outra. Lembre-se: o fato de ser importante dividir as tarefas não significa que precisem ser realizadas juntas ou em um mesmo horário. Cada pessoa tem seu ritmo, que deve ser respeitado.
Em casa, há um potencial enorme para criar dinâmicas injustas. Por exemplo, se todos utilizam o banheiro, por que apenas uma pessoa deveria ser responsável por limpar ou tirar o lixo?
Este mesmo princípio aplica-se às obrigações financeiras. Cada família tem suas próprias dinâmicas, mas é preciso observar cuidadosamente para garantir que as responsabilidades não estejam todas sobrecarregando uma única pessoa.
Dividir as responsabilidades e evitar sobrecarregar uma única pessoa é uma maneira de respeitar o outro e preservar os relacionamentos.
Como pode-se perceber, a convivência pode, infelizmente, trazer descompassos. E muitos deles surgem pela falta de bom senso ou de uma percepção mais objetiva do que acontece conosco e com os outros.
Toda vez que alguém deixa de fazer algo, outra pessoa precisa fazer. Isso desgasta, irrita e torna a vida mais difícil. Além de ser injusto, correto?
Portanto, para finalizar, eis algumas dicas que podem ser postas em prática caso esteja sofrendo com uma divisão desigual de responsabilidades:
Comunique-se com clareza e honestidade. Nem sempre o que você considera errado é visto da mesma forma pelo outro. O entendimento mútuo só é alcançado através do diálogo;
Não assuma mais do que pode ou do que deve;
Peça ajuda quando precisar e ofereça ajuda quando puder;
Divida as tarefas de maneira justa e equilibrada. Lembre-se de que algumas pessoas precisam ser verbalmente avisadas, às vezes mais de uma vez;
Evite cobranças excessivas e ataques de raiva;
Respeite as diferenças, os limites de cada um e, principalmente, verifique se a outra pessoa realmente está se esquivando de suas responsabilidades antes de criticá-la;
Valorize e agradeça as pessoas com quem convive; os acertos precisam ser reconhecidos.
Se você se sentir sobrecarregado, não fique em silêncio nem lance indiretas. Encare o problema e busque resolvê-lo.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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