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Com 60, mulher ainda sente trauma dos abusos que sofreu aos 10 anos

Cleusa sofreu abusos do pai adotivo por anos

O abusador era o próprio pai adotivo que se separou da mulher e obrigou a filha a viver maritalmente com ele.

A história de Cleusa da Silva Batista, de Curitiba, foi publicada por um portal de notícias no momento em que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou estatística aterradora sobre violência contra a mulher e estupro de crianças e adolescentes no Brasil. No Paraná houve um aumento de casos na ordem 19% no ano de 2023 em relação a 2019. Cleusa disse que foi forçada a virar mulher do próprio pai e com ele teve duas filhas.

Adotada ainda bebê – Cleusa conta que os pais biológicos trabalhavam na agricultura em Guarapuava, na região central do Paraná. O pai dela morreu aos 35 anos e a mãe, com nove filhos e grávida de mais um, resolveu doar um deles. Na época, a adoção não tinha a mesma regulamentação dos dias atuais. Dizia-se apenas que a criança seria dada para outra família criar. Foi nesse contexto, então, que Cleusa foi parar na casa do homem que dela abusaria mais tarde.

“Minha mãe biológica achou que ela dando eu para aquele casal ia melhorar minha vida, né? Mas não foi isso, não […] Com essa família eu não tive momentos bons, foi só uma vida de sofrimento”, diz Cleusa, lembrando que era privada de muitas coisas, como por exemplo, dos estudos. Além disso sofria agressões, também da mãe adotiva, que  passou a considerá-la uma espécie de monstrinho. Quando ela estava com seis anos a família se mudou para Curitiba, mas os maus tratos continuaram. Tudo piorou quando ela completou 10 anos. Foi quando o pai adotivo começou a abusar dela sexualmente, transformando sua infância num verdadeiro inferno.

“Ele era pedófilo e aí, de lá para cá, eu me arrastei no sofrimento. Hoje eu superei todo aquele sofrimento, embora o trauma continue. Tinha mágoa, muita mágoa daquele casal, porque eles me julgaram, me maltrataram”, lembra Cleusa da Silva Batista, que chegou a ser abandonada pela família. O pai dela, então, abandonou a mulher, foi morar sozinho e a menina foi morar com ele para não ficar na rua. E foi a partir de então que tudo piorou para a garota, que ficava presa e forçada a manter silêncio absoluto sobre a tragédia que ela estava vivendo. “Eu vivi dez anos com o meu pai, como mulher dele, e tive as minhas duas filhas. […] Tinham idade pra ser netas dele. […] Ele me adotou, eu acho que já com aqueles maus pensamentos”, completa.

Cleusa só se libertou depois de 10 anos vivendo maritalmente com o pai adotivo, quando ele morreu de câncer. Ela ficou sozinha no mundo com duas meninas, uma de pouco mais de um ano e a mais nova com apenas dois meses de nascida. Ela disse que sofreu muito para criar as meninas mas sua vida mudou pra melhor quando conheceu um rapaz e com ele casou e teve mais dois filhos.

Redação JP
Foto – G1

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