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Usuários de droga tomam conta da Praça Raposo Tavares

Muitas pessoas passam pela Praça Raposo Tavares diariamente, seja para trabalhar ou também a lazer. Há algum tempo, o local tem servido de moradia para usuários de droga, o que preocupa comerciantes do entorno.

Juliana Silva trabalha no comércio da avenida Brasil. Ela comenta que fica com bastante receio de ir embora após às 18h. “Eu não me sinto confortável em ficar até mais tarde onde trabalho, nos dias que precisamos arrumar estoque ou algo assim, peço para virem me buscar ou então me acompanharem até o terminal. Enquanto está claro não vejo problema, saio rápido, atravesso a praça e chego no terminal. Mas é aquela coisa, no centro da cidade, parece a cracolândia.”

Israel Coêlho é secretário Geral do Sindicato dos Bancários de Maringá e Região e explica que existe uma árvore que serve de esconderijo das drogas. “Eles ainda fazem as necessidades fisiológicas lá, é um mal cheio insuportável. Pedimos para a prefeitura tirar o jardim, eles usam o muro do jardim para ficarem sentados, fumando maconha, crack. Ficam dia e noite ali. Teve um dia da semana passada que contamos 32. A polícia vem, faz um esparramo e meia hora depois já estão de volta”, diz.

Alessandro Sanchez tem dois comércios próximos do lugar. Ele foi ameaçado por um usuário de droga. “Um entrou lá um dia que eu já havia ido embora e falou para os meus funcionários que iriam pegar eu e mais um policial. Todos que circulam em volta sentem medo, principalmente mulheres. Até dentro do terminal está complicado, tiraram os guardas, está abandonado.”

Gustavo Ozilio Mazetto é gerente Financeiro e tem uma sala comercial para alugar no Edifício Herman Lundgren. Mazetto disse que não consegue alugar por conta da situação em volta da Praça. “Foram três oportunidades e os clientes desistiram. A princípio pensei em vender, mas tanto vender como alugar é extremamente difícil. É uma situação que exige toda a atenção, comprometimento e luta tanto da classe trabalhadora que frequenta ali próximo quanto dos órgãos públicos, é uma situação de urgência”, revela.

Além dos comerciantes, a preocupação também se estende para outras pessoas. O aposentado Antonio Oliveira viu Maringá crescer. Ele já morou perto da Praça e se sentia confortável para ir e voltar para casa, exercendo o direito de ir e vir, até que os usuários de droga foram tomando conta do lugar. “Eu adorava sair para ir na banca, comprar minhas coisinhas no mercado, a pé, voltar para casa em paz, mas de uns anos para cá não deu mais e eu e minha família resolvemos mudar para bairro mesmo, porque assim saberia que minhas filhas, voltando da faculdade ou do serviço, teriam a chance de chegar em casa sem serem incomodadas ou se sentirem acuadas. Acho que acertei na minha decisão, mas é triste demais a situação, pois é área central da cidade”.

A Polícia Militar tem conhecimento das questões que envolvem a Praça Raposo Tavares e tem agido há alguns meses com ações tanto preventivas quanto repressivas, principalmente buscando coibir o tráfico de drogas. Segundo o 2º Tenente do 4º Batalhão e Oficial de Comunicação Social, Rafael Neto, o tráfico de drogas é caracterizado como microtráfico, ou seja, os autores na tentativa de descaracterizarem o tráfico em si, acabam portando pequenas quantidades de drogas ilícitas. “Ainda que em pequenas quantidades, esse tráfico é muito intenso, pois há uma circulação muito grande de usuários de drogas e há também a presença muito grande de pessoas que fazem esse comércio ilícito. Inclusive, esses autores acabam usando as irregularidades da praça, do terreno e das construções para tentarem esconder essas pequenas quantidades de droga. No mês de março tivemos uma ação grande no local, foi uma operação conjunta entre a Polícia Militar, Polícia Civil e a Guarda Municipal. Nessa operação conseguimos levantar várias imagens, várias informações vindas da investigação e através disso conseguimos fazer um pedido para o Poder Judiciário de alguns mandados de prisão, conseguimos cumprir oito. Temos viaturas que diariamente estão destinadas exclusivamente ao centro, com foco especial na Praça Raposo Tavares, na região do Terminal Urbano e outras localidades próximas da Praça.”

Além disso, a Guarda Civil Municipal realiza rondas constantes na região central de Maringá, incluindo a Praça Raposo Tavares. Para reforçar a segurança no lugar, foi implantada uma equipe fixa da Guarda na Praça.

Na Praça Raposo Tavares existem três câmeras de monitoramento do Centro de Controle Integrado (CCI) da Guarda. A Guarda e as polícias atuam de maneira integrada no CCI para garantir ainda mais assertividade nas operações, seja nos casos de prisão, busca e apreensão, roubo, tráfico e demais situações. A comunidade também pode acionar a Guarda Civil Municipal por meio do telefone 153 ou a Polícia Militar no número 190.

REVITALIZAÇÃO

Mais de 80 comerciantes e voluntários vão participar da revitalização da Praça Raposo Tavares hoje, das 9h às 12h. A ação é para limpar, pintar e fazer melhorias, tornando o comércio do entorno mais atrativo e seguro. No decorrer da semana a prefeitura, que apoia a iniciativa, fez poda de árvores, roçada e troca de lâmpadas. A atitude é da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim) por meio do Conselho do Comércio e Serviços.

A Praça Raposo está incluída no projeto do Eixo Monumental, sendo o trecho D, com previsão de R$ 18 mi em investimentos. A licitação para este trecho deve ser lançada no mês que vem. 

Maynara Guapo
Foto – Reprodução

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