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Práticas essenciais de respeito ao outro

Semana passada, enquanto aplicava as provas numa turma da universidade, reparava em alguns alunos que escreviam à lápis e, depois, com a borracha, apagavam, apagavam deixando a mesa muito suja. Notei que dois ou três jogaram a sujeira no chão; outros, na própria mesa. Mas teve uma aluna que, após entregar a prova, juntou todos os resíduos da borracha com as mãos. Fez um montinho, puxou no cantinho da mesa, aparou com uma das mãos e levou até o cesto de lixo. Só depois foi embora.

Fiquei pensando… Ela precisava fazer isto? Não. A universidade tem uma equipe de zeladoria que limpa as mesas, o chão. Porém, aquela jovem demonstrou saber uma coisa essencial: não é por existir uma pessoa para limpar que é preciso deixar tudo para ela; dá para facilitar, dá para amenizar, dá para tornar mais tranquilo o trabalho da outra pessoa.

E sabe de uma coisa? O que essa moça fez provavelmente aprendeu na casa dela. E reproduz fora.

Então como é aí na sua casa?

Depois do almoço, você leva o prato sujo na pia? Se dispõe a lavar? Quando faz pipoca pra comer enquanto assiste a sua série preferida, será que deixa a bacia suja, o copo de suco no sofá, no quarto? E as roupas sujas, o que você faz com elas? Coloca no lugar indicado? Um copo que você tira do lugar, só volta para o lugar adequado se alguém levar.

Eu confesso que, às vezes, esqueço as coisas fora do lugar. Porém, faço todo o possível pra não esquecer. E sabe por quê? Porque, se eu esqueço, alguém precisa fazer essa tarefa por mim. 

E aí na sua casa, mesmo que tenha uma pessoa pra cuidar, por que sobrecarregá-la? Aquilo que, muitas vezes, começa em casa, se reproduz fora dela. 

Repare ao seu redor… Tem gente que usa o banheiro e não dá descarga. Acaba o papel higiênico, não coloca outro no lugar e nem avisa que acabou. Toma café e deixa a xícara suja na mesa do escritório. O que este tipo de comportamento revela? Que a pessoa só pensa nela.

O que dizer de alguém que, do carro, joga a garrafinha de água ou uma latinha pela janela na rua? E as pessoas que vão à praia e deixam sacolas, garrafas e outros resíduos na areia? Quem age assim, age como se tivesse alguém pra limpar a sujeira dela.

É fato que alguns ambientes contam com profissionais para isso. Porém, nem sempre essas pessoas estão ali.

Quando negligenciamos pequenas tarefas, como jogar lixo no local apropriado ou manter espaços compartilhados limpos, estamos escolhendo o caminho da indiferença e da desconsideração. Estamos falando: “O meu conforto é mais importante do que o bem-estar dos outros”. Isso é desdém. Isso é indiferença. É uma declaração do tipo “eu não me importo com o outro”.

Falamos muito sobre nossos “direitos”, sobre cidadania, mas a civilidade se revela na preocupação e cuidado com o básico, com o essencial para tornar saudável a convivência com o outro.

Que tipo de pessoa queremos ser? Aquela que espera que outros limpem nossas bagunças, ou aquela que contribui ativamente para um ambiente mais limpo, agradável, organizado?

Talvez não seja a nossa função limpar o chão, mas nada justifica que joguemos lixo no chão. Talvez não seja nossa função lavar a louça, mas nada justifica não levemos o copo sujo na pia. É o básico, mas mostra respeito pelo outro; mostra, antes de tudo, boa educação.

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras |  Doutor em Educação

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