
Para os que, de certo modo praticam uma religião, se dizem e muitos estão em busca de realmente serem cristãos, o que não é tarefa fácil num mundo de provas e expiações como a Terra, o perdão é um exercício obrigatório, porém , nem sempre possível de alcançar e conceder.
Segundo a Bíblia, perdão é o ato de desculpar uma ofensa ou erro, ou seja, abrir mão de ressentimentos e exigir compensação. Segundo os dicionários , remissão, ou efeito de remir, resgatar, quitar, liberar da pena ou dívida. Em Direito, seu sentido está ligado à diminuição do tempo de duração da pena privativa de liberdade, por trabalho ou estudo, ao preso condenado, em geral, nos regimes fechado ou semiaberto. Enfim, perdão é a remissão de uma culpa, dívida ou pena, desobrigação do cumprimento de um dever.
O perdão é tão importante para o Cristão que narram os evangelistas que certa vez Jesus foi pregar em Nazaré, sua cidade natal conforme dados históricos, mas a sua palavra não foi bem recebida pelos judeus rigorosos, que O viam como um subversivo em relação às leis mosaicas, nem pelos senhores de terras, que o viam como um revolucionário comum, frente a Herodes.
Os seus discípulos não gostaram desta situação, principalmente Pedro e Filipe, que respondiam com palavras fortes e rudes, a todas as ironias, gargalhadas zombeteiras e ofensas dirigidas ao Mestre. O Rabi era chamado de impostor, feiticeiro, mago e filho de satanás pelos próprios nazarenos.
“Foi quando, então, fez Simão Pedro a sua célebre pergunta: – ‘Senhor, quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar? Será até sete vezes? ’ Jesus respondeu-lhe, calmamente: – Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Diante desse caso , perguntamos: qual é, de fato, a real extensão da máxima “até setenta vezes sete”, será 490 vezes?
Recorremos a um exemplo de Chico Xavier que, segundo artigo de Rosane Sacilotto, no Blog dos Espíritos, certo dia estava atendendo as pessoas, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, quando uma mulher que sofria com o marido, alcoólatra, veio até ele e lhe disse: “Chico, se eu contar as vezes que já perdoei ao meu marido nestes trinta anos de casada, dá mais de 490 vezes, já estou liberada”. Ao que o Chico lhe respondeu: “Emmanuel (Espírito) está aqui, do meu lado, dizendo que Jesus mandou perdoar setenta vezes sete cada ofensa que venha perturbar o nosso coração. Esse número é simbólico, significando que o perdão deve ser constante e incondicional, como ensinou o Cristo em todos os atos de Sua estada entre nós, mostrando como se faz, fazendo”.
E prossegue, Rosane: Perdoar não significa compactuar com o mal , sem buscar evitá-lo e deixar impune quem o pratica. Talvez “relevar”, ao invés do verbo “revidar”. O ideal é não ter o que perdoar, compreendendo. Afinal, ninguém é definitivamente mau, somos todos filhos de Deus. A compreensão, quando bem entendida, bem praticada dispensa o perdão. Quem compreende não se ofende. Era o que Jesus fazia.’
E para concluir, perdoar não é esquecer do fato, da ofensa. Tudo está registrado na memória, natural que lembremos. Então, reflitamos sobre de anistia, palavra muito falada nos últimos tempos. Anistia ou amnistia (do grego: amnestía, esquecimento; pelo latim tardio amnestia) significa perdão, cancelamento ou renegociação de dívidas.
Portanto, é esquecimento, cancelamento de pena por crimes cometidos ou supostamente cometidos. Não vamos entrar no mérito, pois fatalmente haveria discussões sem consenso sobre a justiça ou falta de, em acontecimentos recentes, que levaram pessoas para penitenciárias. A palavra penitenciária vem de penitência. Aqui me penitencio que há uma clara divisão no Brasil atual, não necessariamente só entre os favoráveis a Lula ou Bolsonaro, que precisariam se perdoar e muitos se odeiam.
Perdão e anistia para todos nós, uns aos outros, tendo como ‘penitência’ o amor, tão difícil de se achar e praticar, ainda, na Terra .
Akino Maringá, colaborador
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