
Desde junho de 2024, com encerramento previsto para junho de 2026, está em andamento nos países de língua portuguesa uma série de comemorações alusivas ao quinto centenário de Luís Vaz de Camões.
Na verdade, não há registro sobre onde e quando exatamente nasceu o nosso poeta máximo: uns dizem que em Lisboa, outros que em Coimbra; uns dizem que em 1524, outros que em 1525. O que se tem por certo é que em Lisboa ele morreu, num bairro humilde, no dia 10 de junho de 1580.
Morreu pobrinho… ele que serviu de modelo para a formatação definitiva do nosso maior tesouro, a língua portuguesa, última flor do Lácio, filha caçula do velho latim.
Sabemos também que Luís de Camões foi soldado do Reino e como tal esteve na Ásia, na África, sabe-se lá mais onde, fazendo guerras, fazendo versos, fazendo amor. Metonímia perfeita das mais vulcânicas paixões.
Perdeu a visão de um olho, dizem que numa batalha no Marrocos. Mas com o olho que sobrou ele brigou, namorou, navegou, sobreviveu a naufrágios. Consta até que numa dessas escapou nadando com um só braço, enquanto com o outro sobraçava os originais de “Os lusíadas”.
Voluptuoso daquele jeito, Luís Vaz de Camões foi todavia o gênio maior da cultura lusíada. Ponte entre o passado e o futuro; entre os símbolos da mitologia pagã e os valores do pensamento cristão. Porta de saída da Idade Média; porta de entrada para a civilização moderna. O poeta do Renascimento português, o poeta épico, o poeta filósofo, o poeta lírico. O poeta flama, com quem aprendemos que “amor é fogo que arde sem se ver;/ é ferida que dói e não se sente;/ é um contentamento descontente;/ é dor que desatina sem doer”.
Em 1572, com ajuda do rei Dom Sebastião, conseguiu publicar sua obra-prima, “Os lusíadas”, onde sintetiza as principais marcas da história de Portugal: o humanismo e as expedições ultramarinas. Narra em particular a descoberta do caminho para as Índias por Vasco da Gama.
Tendo deixado para todos nós, povos lusófonos, uma herança cultural de preciosíssimo valor, Luís Vaz de Camões nos convida para celebrar com ele, no parnaso eterno, seus 500 anos de poesia e amor.
A. A. de Assis
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