
O Hospital Universitário (HU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) participou, durante o mês de maio, de um raro e importante processo de doação de pulmões, o terceiro em toda a sua história. A captação do órgão foi realizada no próprio hospital pela equipe do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, instituição referência em transplantes pulmonares na Região Sul do Brasil.
Devido à urgência que envolve esse tipo de procedimento, já que o órgão precisa ser transplantado em até quatro horas após a retirada, o transporte foi feito por um avião disponibilizado pelo Governo do Estado, uma vez que aeronaves comerciais não são utilizadas nesse tipo de operação.
Todo o processo foi acompanhado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HU, que prestou apoio e orientação à família do doador e obteve a autorização formal para a doação.
A ação teve ainda o suporte da Organização de Procura de Órgãos de Maringá (OPO-Mgá), ligada à 15ª Regional de Saúde e ao Sistema Estadual de Transplantes do Paraná (SET-PR), responsáveis pela coordenação da logística e dos trâmites legais do procedimento. No Brasil, a legislação determina que a autorização para doação de órgãos de falecidos deve ser dada pela família, incluindo cônjuges e parentes de primeiro e segundo graus.
HISTÓRICO
De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), 93 transplantes de pulmão foram realizados no país em 2024, sendo que o primeiro deles no Brasil foi feito em 1989. Segundo a enfermeira Rosane Almeida de Freitas, coordenadora da CIHDOTT do HU, o hospital já havia participado de outras duas captações pulmonares, em 2016 e 2021.
Ela destaca que o processo é extremamente delicado, principalmente pelas exigências para validação do órgão. “O processo se destaca pela dificuldade de manutenção desse órgão. A doação de pulmões possui algumas peculiaridades relacionadas ao doador que podem inviabilizar a validação e a captação desse órgão para transplante”, ressaltou.
Em 2025, o Hospital Universitário da UEM registrou 11 autorizações para doação de órgãos e tecidos entre 15 famílias entrevistadas, alcançando uma taxa de sucesso de 73,3%. Até maio, foram sete autorizações para múltiplos órgãos em casos de morte encefálica e quatro para tecidos, como córneas, em casos de parada cardiorrespiratória.
O índice de recusa à doação no HU é de apenas 14%, bem abaixo da média nacional de 45% e inferior aos 28% registrados no Paraná e, conforme determina a legislação federal, a identidade de doadores, receptores e suas famílias deve ser mantida em sigilo.
Da Redação
Foto – UEM