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Sobreviventes em desencarnes coletivos

A incrível história do acidente aéreo, ocorrido recentemente na índia, onde  um britânico de origem indiana, de 40 anos, foi o único sobrevivente, nos inspirou a proposta de refletirmos sobre as possíveis explicações para os muitos consideram um  milagre e o faremos à luz da Doutrina Espírita.

      Milagre de Deus? Não. Sendo Deus a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, suas leis são perfeitas, imutáveis e universais. Se as “quebrasse” para realizar um “milagre”, isso implicaria uma imperfeição ou necessidade de corrigir suas próprias criações, o que não se coaduna com a ideia de um Deus perfeito.

      Acontecimentos rotulados de milagre são, na verdade,   fenômenos que ocorrem sob a égide de leis da natureza que a humanidade ainda não compreende completamente. Assim como antigamente  raios e trovões eram vistos como manifestações divinas ou sobrenaturais, hoje sabemos que são explicáveis pela física. Da mesma forma, os fenômenos que o Espiritismo estuda, como a mediunidade, a cura espiritual e as manifestações dos Espíritos, são considerados efeitos de leis espirituais e fluídicas que fazem parte da grande teia das leis divinas. Em suma, não se nega a ocorrência de fenômenos extraordinários, mas o que para uns é um milagre, para o Espiritismo é uma manifestação de uma lei ainda não totalmente compreendida.

      Voltando ao título, desencarnes coletivos são  eventos nos quais várias pessoas desencarnam (morrem fisicamente) ao mesmo tempo, em um mesmo acontecimento. Isso pode ocorrer em catástrofes naturais (terremotos, tsunamis, enchentes, furacões), acidentes (aéreos, rodoviários, ferroviários, incêndios) ou em conflitos (guerras, ataques). O termo desencarne é usado para descrever o ato ou processo de separação do espírito do corpo físico.

      Nosso entendimento é que a vida não se encerra com a morte do corpo. Pelo contrário, o desencarne é visto como uma passagem, uma libertação do espírito de sua “prisão” material. O espírito é a essência do ser, imortal e pré-existente ao corpo. O corpo físico é apenas um invólucro temporário, um instrumento para o espírito evoluir e aprender na experiência terrestre, passando por provas e expiações, que são resgates de débitos contraídos, ou ‘pagamento dos pecados’, segundo outras  doutrinas, ou em um ditado popular: ‘ aqui se faz, aqui se paga’.

      Na visão espírita, as mortes coletivas, como tragédias e desastres naturais, não são eventos aleatórios, mas sim parte de um processo evolutivo, com propósitos específicos para os espíritos envolvidos. Elas podem ser entendidas como resgates coletivos, onde espíritos que compartilham laços cármicos se reúnem para expiar dívidas de vidas passadas, ou como um acelerador da evolução espiritual, permitindo que um grupo alcance um estágio de desenvolvimento em um período mais curto, em vez de séculos. 

 E por que determinadas pessoas escapam da morte em acidentes aéreos, naufrágios, incêndios e outras situações trágicas? Alguns explicam, superestimando os papéis da “sorte” e do destino, como não sendo uma palavra vã. Creem, dependendo da posição que ocupamos na Terra, e das funções que aqui desempenhamos em consequência do gênero de vida que escolhemos, ser expiação ou missão.

Mas ninguém de livra da morte ao sobreviver às tragédias coletivas, como podemos ver em dois exemplos: Jéssica de Lima Röhl, uma da organizadoras da festa na bote Kiss, e na última hora desistiu de ir, morreu menos de um ano depois em acidente automobilístico. E Rafael Henzel , um dos seis sobreviventes do acidente aéreo da Chapecoense, dois anos depois, vítima de um enfarto.

Não há milagre, nenhuma proteção especial de Deus, que ‘salvaria’ alguns. Todos, absolutamente todos morreremos, mais cedo ou mais tarde. Não se pode afirmar que foi melhor para sobreviventes, continuarem ‘vivos’ e uma desgraça para os que pereceram em uma tragédia. As leis divinas são perfeitas e o que precisamos que aconteça, acontecerá.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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