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Recordar, relembrar, matar saudades

      As palavras  “recordar”  “relembrar” significam trazer algo à memória, mas com nuances de uso. “Lembrar” é o termo mais geral e comum, enquanto “recordar” é mais formal e pode implicar um esforço maior para acessar a memória. “Relembrar” geralmente sugere uma segunda recordação ou o reforço de uma memória já existente. 

      Há  quem diga que recordar nos faz, muitas vezes, sentir saudade e haveria uma forma de matá-la. Pessoalmente, não gosto do uso do verbo matar, talvez influenciado pelo 5º dos 10 mandamentos ‘psicografados’ por Moisés, segundo as escrituras sagradas, por isso não o uso expressões como ‘matar a saudade’, ‘matar a fome’, desejo, vontade….

      Para quem tem 60, 70 , 80 ou mais e goza de boa saúde, recordar, relembrar acontecimentos vividos nas décadas dos mesmos números, é sempre gratificante e é o que vamos buscar fazer com situações envolvendo recursos humanos e tecnológicos , para nós, funcionários do Banco do Brasil, mas que serve para jornalistas, advogados, contadores, médicos, professores, que certamente se recordarão de situações que hoje pareceriam bizarras, diante da evolução dos recursos tecnológicos, sobretudo, e até dos recursos humanos.

Um colega do Banco do Brasil, com quem trabalhei no início dos anos 80, em Icó- CE, me mandou um texto com o título que alguns poderiam dizer: ‘matar a saudade’, mas que realmente fica bem melhor recordar e não necessariamente ‘ morrer de rir’, mas relembrar. 

Começa com a frase: do tempo que éramos considerados marajás’, que nos fez lembrar na eleição de 1989, a primeira direta após o fim da ditadura de 64, vencida por Collor, um enganador comparável a políticos enganadores de hoje, que  nos rotulava de ‘marajás’, porque tínhamos uma remuneração justa.

Fala da  Revista Desed e do BIP- Boletim de Informação ao Pessoal, publicações que recebíamos mensalmente ou a cada dois meses, não me lembro certo. Desed  é o  Departamento de Seleção e Desenvolvimento (DESED), que faz parte da Universidade Corporativa do Banco do Brasil (UniBB).   O Desed é responsável por gerenciar os processos seletivos e programas de desenvolvimento dos funcionários do banco.  Graças ele tivemos uma formação comparável aos melhores cursos de administração e a revista e BIP, traziam informações, como a movimentação de administradores, que a mim interessava muito, especialmente para saber dos cargos vagos.

Nos fez lembrar da maravilha que era o telex, cujas teclas, do  nada, como uma assombração mexiam sozinhas. Dizem que um vigilante, ao ver pela primeira vez aquele batimento de teclas, ficou assustado, sacou o revólver e abriu fogo contra o aparelho de telex.
 E do aparelho  telefônico de discagem circular, que gerou o verbo “discar”, o substantivo “discagem” e as siglas DDD e DDI. 

A máquina de escrever, elétrica, era o máximo, uma maravilha tecnológica. Mimeógrafo, claviculário, siglas como Crege, Cesec, Retag, Plata, Desco, Cefor, Setin, Creai, Setex e Setop  e o que hoje alguns chamam de contracheque, era chamado de Espelho.

Na posse eram comuns trotes, como pedirem para pegarmos a  máquina de achar diferença, lavar  papel-carbono, mandarem procurar um tal  “envelope redondo para colocar uma circular”, a régua de calcular juros. Assinatura de  papel em branco que servia de autorização de débito  para pagar as despesas da festa de  chegada, e  escalação para “levar o lucro para Brasília, em mala cheia de papeis.

E  para concluir, lembramos que  dentre os exames médicos e laboratoriais, na  qualificação para a posse,  fazia-se  o de  fezes e de vistas ( Dr. Nelson Maimone).

 Assim fizemos uma   viagem ao  passado que terminamos com vibrações  de paz a todos que conviveram  conosco e já  retornaram ao Mundo Espiritual, e a  alguns que, presentes, já não conseguem relembrar, vítimas de males que afetam o cérebro. A todos, a esperança de um reencontro futuro, afinal a vida é eterna, não temos dúvidas, embora muitos possam não acreditar.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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