
A falta de materiais básicos para uso diário nas secretarias municipais continua gerando reclamação e indignação dos servidores da Prefeitura que relataram alguns casos para a reportagem do Jornal do Povo. Recentemente a falta de papel sulfite e óleo de cozinha causou revolta nos pais dos alunos e nos funcionários da Secretaria de Educação. Com essa situação resolvida, a gestão municipal enfrenta agora outros problemas de abastecimento que refletem no descontentamento dos servidores e na urgência de planejamento e licitações para suprir a necessidade de cada departamento.
Servidores municipais de diferentes secretarias, que não serão identificados para evitar problemas administrativos, relataram que estão tendo que comprar café para fazer durante o expediente (Paço Municipal, algumas Unidades Básicas de Saúde e Secretaria de Educação), levar papel toalha para postos de saúde e micropore para usar após aplicação de seringas em pacientes. Os Centros Municipais de Educação Infantil estão sem estoque de canetinhas, cadernos e lápis de cor para usar em sala de aula. A lista de produtos em falta é grande, assim como a indignação dos servidores.
“Nunca passei por uma situação assim nesses 15 anos de trabalho na Prefeitura. Não ter o básico para desempenhar sua função é um absurdo que demonstra a falta de organização do setor de compras e licitações. Quando estoca um produto, acaba outro”, diz uma funcionária do Paço Municipal.
No caso das unidades de saúde as reclamações são diferentes em cada bairro. “Aqui falta papel toalha e empatia da direção para mandar arrumar ou trocar equipamentos que facilitam o dia a dia. Por exemplo, nosso micro-ondas está quebrado e estamos com apenas um funcionamento para revezar com um monte de colegas que trazem marmita de casa”, desabafa um agente de saúde. Em outra UBS o pessoal está fazendo vaquinha para comprar pó de café.
A falta de materiais reflete também no atendimento à população, principalmente nas áreas da Educação e Saúde. Nesta quinta-feira, por exemplo, um usuário do SUS recebeu uma injeção e ouviu da enfermeira que teria que apertar por alguns minutinhos a veia pela falta de micropore no posto de saúde. “Um absurdo não ter esparadrapo para colocar no braço de um paciente. Que vergonha passar por essa situação e ter que falar para os usuários da nossa UBS”, disse uma enfermeira.
Um diretor municipal acredita que além de faltar planejamento, organização e controle das compras existem outros dois motivos. “O setor de licitação prepara os editais para adquirir produtos globais (para todos os departamentos municipais) e cada secretaria informa a demanda pessoal. A falha está sendo desde a falta de controle nos estoques que estão sendo quase zerados para depois comunicarem a necessidade de licitar e comprar, até os novos cargos comissionados que foram contratados pelo prefeito e assumem diretorias e gerências sem nenhuma experiência no sistema interno operacional e as vezes nem interesse em agilizar os processos burocráticos”, argumenta e revela que agora as licitações começaram a andar e em 2026 tudo estará mais organizado.
A Prefeitura respondeu por meio de nota da Secretaria de Comunicação que: “O município informa que a aquisição de itens destinados ao atendimento das secretarias é realizada por meio de processos licitatórios, com base em planejamento prévio, considerando as necessidades específicas de cada setor e a média de consumo em cada unidade. As licitações para a compra de diversos materiais estão em andamento normalmente, incluindo café e itens descartáveis, como papel toalha”.
Redação JP
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