
Segundo dados do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Maringá já contabilizou, até este momento, 874 casos de violações contra a população idosa, situações que incluem maus-tratos, negligência, exploração sexual e até tráfico de pessoas. Apesar do número expressivo, apenas 100 dessas ocorrências foram formalmente denunciadas.
Em 2024, Maringá registrou 1.810 violações contra pessoas com 60 anos ou mais. No Paraná, o número de casos já chega a 24.454 apenas em 2025, segundo dados atualizados até 29 de julho.
O aumento desses episódios ocorre em meio ao crescimento acelerado da população idosa no Brasil. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% nos últimos doze anos. Atualmente, o Brasil possui 32,1 milhões de idosos com 60 anos ou mais, o que representa 15,8% da população nacional. Na Cidade, são cerca de 62 mil idosos, aproximadamente 15% da população.
Para a advogada e professora Camila Cardoso Lima, é essencial abrir espaço para discutir essa pauta. “Por se tratar de um público mais vulnerável, é preciso enfatizar que os idosos não têm força ou métodos para se defender sozinhos e, portanto, é essencial redobrar os cuidados e a atenção com esse público, ouvi-los, acolhê-los”, afirma.
Lima destaca que a conscientização da sociedade é um passo importante para o enfrentamento da violência. “Criar debates sobre esse tema contribui para a redução dessas violências, haja vista que isso causa um incômodo social e, por consequência, potencializa a criação de medidas ainda mais efetivas de combate a esse crime”, ressalta.
Para a docente, a proteção ao idoso começa dentro de casa. “É fundamental que a família exercite o amor e a paciência para lidar com os desafios da terceira idade. Estabeleça diálogos e crie um ambiente de escuta adequado. Ouvir o idoso sobre o que ele está passando ajuda a identificar o problema”, conclui.
As denúncias de violações podem ser feitas de forma anônima por qualquer pessoa, por meio do Disque 100, que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, ou pelos telefones da Polícia Militar (190) e da Polícia Civil (197). Também é possível registrar casos por canais eletrônicos ou buscar apoio junto ao Ministério Público, especialmente na Promotoria de Justiça com atribuição na defesa dos direitos da pessoa idosa.
Em Maringá, diversos órgãos estão disponíveis para a defesa e garantia dos direitos da pessoa idosa. Entre eles, destaca-se a Promotoria de Defesa dos Direitos do Idoso – 14ª Promotoria de Justiça, localizada na Rua Arthur Thomas, 575, térreo (antigo prédio da Justiça do Trabalho), com atendimento pelo telefone (44) 3223-3521.
Também atua na Cidade o Juizado da Vara Federal do Idoso, situado na Avenida Cerro Azul, 544. O telefone para contato é (44) 3901-2045. O Conselho Municipal de Direitos do Idoso (CMDI) é outro importante órgão de apoio, com sede na Avenida João Paulino Vieira Filho, 109 – Edifício Monte Sinai, no Novo Centro. O telefone é (44) 3221-6434.
Além disso, a população pode recorrer à Ouvidoria Municipal pelo número 156, ao Disque Denúncia Maringá no 0800 643 5115 e ao Disque Idoso Paraná, no 0800 41 0001, canais que recebem denúncias e oferecem orientações sobre violações de direitos.
Alexia Alves
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