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Empresas maringaenses enfrentam tarifaço dos EUA

A entrada em vigor da nova política de sobretaxação dos Estados Unidos sobre produtos importados, que pode elevar tarifas para até 50% em mais de 3 mil itens, já traz consequências diretas para o setor produtivo de Maringá. Empresas locais, especialmente dos segmentos moveleiro, alimentício, têxtil e metalúrgico, enfrentam incertezas e iniciam movimentos para redirecionar exportações a outros mercados.

De acordo com a Secretaria da Fazenda do Paraná, ao menos 700 empresas no Estado mantêm parte relevante de sua receita atrelada às exportações para os EUA, sendo 16 altamente dependentes do mercado norte-americano. Em Maringá, esse cenário já provoca suspensão de contratos, cancelamento de pedidos e reestruturações operacionais.

“Essa taxação irá afetar muito o comércio internacional e o também o nacional. Já estamos vendo muitas empresas cancelando pedidos/contratos que estavam sendo feitos para o USA, muita mão de obra sendo dispensada ou remanejada”, afirma Edson Koji Ido, despachante aduaneiro da Worship Comex, que atua com empresas da Cidade.

Segundo Ido, a busca por novos mercados é inevitável, mas não imediata. “Não se constrói uma presença internacional da noite para o dia. Leva tempo, exige estrutura e muita negociação.”

Ainda que os Estados Unidos não figurem entre os cinco principais parceiros comerciais do município, a medida afeta empresas locais com atuação consolidada no mercado norte-americano.

“Essa sobretaxa é um baque para quem tem os EUA como principal destino. Diversificar é essencial, mas exige adaptação técnica e investimento logístico”, avalia Bruno Meurer, diretor da Next Shipping, especializada em comércio internacional.

Segundo Juliana Franco, doutora em Economia e diretora do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), em seu podcast, Maringá exportou US$ 222 milhões no primeiro semestre de 2025, com superávit de US$ 198 milhões na balança comercial. A China lidera como destino das exportações (62%), seguida por Irã (8,1%), Emirados Árabes e Malásia. Os Estados Unidos ocupam uma posição modesta, com 0,8% da participação nas exportações locais, principalmente de mel natural e adubo.

“O impacto das tarifas vai ser bem mais sentido a nível paranaense e em nível Brasil. O Paraná em si tem uma maior relação comercial com os Estados Unidos”, destacou Franco.

APOIO

Como resposta à crise, o Governo do Paraná anunciou um pacote de R$ 300 milhões em créditos de ICMS. A medida, válida a partir deste mês, prevê liberação via Sistema Siscred, com até R$ 10 milhões por empresa, em 12 parcelas mensais. O foco são empresas impactadas pelas tarifas, especialmente aquelas com menor dependência dos EUA.

Além disso, o BRDE e a Fomento Paraná abriram linhas de crédito que somam R$ 200 milhões para apoiar negócios exportadores. Até agora, R$ 137 milhões já foram solicitados, com boa parte dos pedidos vindos da região Norte do Estado. Micro e pequenas empresas também têm acesso facilitado a financiamentos de até R$ 500 mil, com possibilidade de renegociação de dívidas.

Empresas maringaenses ligadas ao programa Paraná Competitivo também poderão pedir flexibilização nos prazos de investimentos, medida considerada fundamental para evitar cortes de produção e demissões.

Alexia Alves
Foto: Claudio Neves

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