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A galinossaura

Primeiro uma coisinha: para a gramática, “dinossauro” é um substantivo epiceno, ou seja, unissex. Acho, porém, complicado ter que dizer “dinossauro macho / dinossauro fêmea”. Prefiro então simplificar: digo “a dinossaura”. Tá bem assim?

     A descoberta é bem antiga, provavelmente do tempo do professor Darwin, mas só recentemente vi no Google a confirmação de que a galinha (nossa pacata galinha dos gostosos ensopados de mandioca) é uma minidinossaura. É sim.

     Tá lá escrito: “As galinhas são descendentes de um grupo de dinossauros chamados terópodes. Essa relação é evidenciada por semelhanças anatômicas e genéticas”. 

      Com base numa bonita história tecida ao longo de um montão de milênios, os cientistas concluíram que a galinha teve como tataraparenta uma dinossaura. Como prova disso chamam atenção para o jeito como as galinhas andam e para o esqueleto delas: as pernas, as asas, o pescoço comprido, os ossos ocos. 

     Reparando bem, a semelhança é grande mesmo, inclusive e também pelo fato de a dinossaura  se multiplicar botando ovo. Só que porém fico pensando no tamanho do ovo dela. E no barulho do coró-cocó que ela fazia cada vez que botava um daqueles ovões. Devia tremer a terra alguns quilômetros em redor. 

     Mas o mais complicado seria entender como foi que a dinossaura, originalmente um bicho tão grande, conseguira encolher a ponto de caber num micro-ondas…

     Então fico com uma hipótese que me parece mais viável: a de que a galinha não “foi” uma dinossaura; a galinha “é” uma dinossaura.

     Tá lá igualmente anotado no Google o registro de que havia numerosas espécies de dinossauros e essas espécies variavam muito em tamanho – desde aqueles baitas de 70 toneladas até um pássaro pequenininho.

     Vai daí que me permito crer que pode ter sido assim: os dinossauros grandes devoravam tudo o que aparecesse à sua frente, disso resultando que começou a faltar alimento. Foi indo até que os bichos maiores acabaram morrendo de fome, sobrevivendo somente os menorzinhos, que a natureza conseguia sustentar, entre os quais os tico-ticos e as nossas mimosas “galinossauras”.

    Porém calma lá. Não sou naturalista, biólogo, etólogo, paleontólogo, geólogo, ecólogo, não tenho nenhuma dessas competências. Falo apoiado apenas na intuição de poeta, e nesse campo a poesia é farta e bela.

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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