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Acessibilidade ainda é um problema em Maringá

Na Cidade, são encontradas rampas de acessibilidade em estado precário

Rampas quebradas e calçadas irregulares dificultam rotina de pessoas com deficiência

Em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, que foi celebrado no último domingo, 21, moradores com deficiência de Maringá reforçam as críticas à falta de acessibilidade na Cidade. Rampas quebradas, calçadas irregulares e estruturas inadequadas continuam sendo obstáculos diários para quem possui algum tipo de deficiência.

É o caso de Danielle Cristina Almeida, maringaense diagnosticada com esclerose múltipla há cerca de oito meses. A doença autoimune afeta sua mobilidade, equilíbrio e outras funções motoras e desde então, ela passou a vivenciar com mais intensidade as barreiras existentes no cotidiano urbano da Cidade.

“A cidade não é acessível. A gente encontra rebaixamentos de calçada com desníveis, pisos irregulares, falta de sinalização e rampas com inclinação inadequada. São obstáculos que, para quem depende de uma bengala, por exemplo, tornam o simples ato de caminhar perigoso”, relata Danielle. “O piso não é tátil, não dá sustentação. Isso nos leva a tropeços, quedas, frustrações. A mobilidade é totalmente comprometida.”

Ela chama atenção para o descumprimento da norma ABNT NBR 9050, que estabelece diretrizes de acessibilidade em calçadas e espaços públicos. “Há muitos degraus entre calçadas, desníveis enormes nas faixas livres, e a manutenção é praticamente nula. Seja responsabilidade do proprietário do imóvel ou do poder público, ninguém cuida. Andar no centro de Maringá é um desafio. Você precisa estar sempre se escorando em alguém ou em algo. E isso cansa. É revoltante.”

Danielle também conta que participa de um processo de reabilitação com a Associação Norte Paranaense de Reabilitação e Integração (ANPR), onde busca melhorar sua mobilidade. Para ela, esse tipo de estrutura deveria ser fortalecido e reconhecido pelo poder público. “É fundamental que os gestores conheçam de perto as dificuldades que enfrentamos. Só assim poderão desenvolver políticas públicas eficazes. Não é fácil para um cadeirante, para quem usa muletas, para quem tem uma condição neuromotora. Precisamos de mais do que empatia. Precisamos de ação”, comentou.

AÇÕES

Em nota, a Secretaria da Pessoa com Deficiência (Seped) informou tem desenvolvido diversas iniciativas para promover a inclusão e a acessibilidade no município, como o mapeamento da população com deficiência, que vai ajudar a compreender as principais necessidades das pessoas com deficiência e auxiliar na criação de políticas públicas.

Além disso, a secretaria também promove o projeto “Visão sem Limites”, em parceria com a Uningá, oferece atividades semanais para pessoas com deficiência visual, com foco no desenvolvimento pessoal e autonomia. Já o projeto “Mães Atípicas” disponibiliza atendimento psicológico gratuito para mães de crianças com deficiência, síndromes raras ou condições de neurodesenvolvimento, todas as quartas-feiras no Terminal Urbano.

Outra iniciativa é a sala multissensorial, criada em parceria com a Sicredi Dexis, que acolhe pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outros neurodivergentes com hipersensibilidade auditiva. O projeto itinerante “Espectro em Movimento” também leva conscientização a escolas, Cmeis e grandes eventos.

Além disso, a Prefeitura abriu licitação para substituir rampas metálicas por estruturas de cimento ou paver, melhorando a segurança e acessibilidade nas vias.  

Para o secretário da Pessoa com Deficiência, Marcos Aurélio, os projetos inclusivos não beneficiam apenas as pessoas com deficiência, mas toda a sociedade. “Ao promover diversidade, inovação e uma compreensão mais profunda do valor da inclusão, podemos construir uma cidade mais acessível, onde todos tenham oportunidades de contribuir e prosperar”, afirma.

Além disso, Maringá receberá R$ 29,5 mil do Governo do Estado, por meio do Fundo Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (FEPcD), com o objetivo de fortalecer políticas públicas voltadas à acessibilidade, inclusão social, combate à violência e ampliação do acesso à saúde, educação, cultura, esporte e lazer. Também estão previstas ações voltadas à tecnologia assistiva e capacitação de profissionais e redes de apoio.

Segundo Silvio Rodrigues, gerente administrativo e financeiro da Prefeitura de Maringá, o repasse será importante para reforçar ações já em curso. “Com esse recurso, poderemos ampliar as ações de acessibilidade, inclusão e apoio direto às famílias. É um investimento essencial na construção de uma cidade mais justa e inclusiva”, afirmou.

Com verbas anteriores, Maringá iniciou a construção de um parque infantil acessível e está finalizando a aquisição de uma cadeira motorizada tipo scooter, que será disponibilizada conforme demandas do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Alexia Alves
Foto – Jornal do Povo

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