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“Fofoca reversa”

Esta reflexão é sugestão do jornalista, escritor, A. A. de Assis, em comentário em postagem que compartilhamos com a seguinte frase: ‘Pratique fofoca reversa: Fale bem das pessoas’.

Fofoca é o ato de divulgar informações sobre a vida de terceiros, sem o consentimento deles, muitas vezes com um intuito negativo, como criar intrigas ou julgar. Pode incluir comentários não baseados em fatos, mexericos, ou a simples divulgação de um segredo. Apesar de ter um significado predominantemente negativo, estudos também exploram a fofoca como um comportamento social antigo, ligado à comunicação e à sobrevivência em comunidades. 

Talvez fofoca não seja o termo mais  apropriado para o contrário de falar mal ou bem dos outros. Maledicência X Indulgência, ficaria melhor, penso, e a intenção do autor da frase acima, certamente foi: em vez de falar mal das pessoas, nas suas ausências, fale bem, o que embora seja menos frequente, acontece.

No livro “A essência da amizade”, encontramos um precioso texto de autoria de Humberto Rohden, que trata da velha questão da maledicência. Com o título de Não fales mal de ninguém, o  autor tece os seguintes comentários: “Toda pessoa  não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.
Qual a razão última dessa mania de maledicência? É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

      Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.
A imensa maioria das pessoas não está em condições de medir o seu valor por si mesma.
Necessita medir o seu próprio valor pelo ‘desvalor’ dos outros. Julgam necessário apagar luzes alheias, a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.

      São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.
Quem tem bastante luz própria não necessita apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar. Quem tem valor real em si mesmo não necessita medir o seu valor pelo  diminuindo o dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.”(…)
      “As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência. Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor – algo parecido com whisky, gin ou cocaína – que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.”

      A proposta da expressão ‘fofoca reversa’ é que sejamos, no mínimo, benevolentes  com o nosso próximo. Que sempre que pudermos defendamos os que estejam sendo caluniados na nossa presença ou pelo menos que não somemos aos que estejam falando mal de alguém, ainda que sobre fatos   desabonadores verdadeiros.

       Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias fraquezas.
Evitemos a censura. A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.
Se desejamos educar, reparar erros, não os abordemos estando o responsável ausente.
Toda a palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz. Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da misericórdia divina. Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, “a boca fala do que está cheio o coração”. Pensemos nisso.

      O contrário de maledicência, pode ser indulgência, que não vê os defeitos alheios e se os vê, evita comentá-los e divulgá-los. A indulgência jamais se preocupa com os maus atos alheios, a menos que seja para prestar um serviço, mas com o cuidado de atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, nem traz censuras nos lábios, mas apenas conselhos, quase sempre velados.

      E concluímos  esta reflexão, que tem como fontes o Momento Espírita e O Evangelho Segundo Espiritismo, dizendo:  sejamos severos conosco e indulgente para com os outros. Pratiquemos a ‘fofoca reversa’.

Akino Maringá, colaborador

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