
Moradores da região do Jardim Campos Elísios, em Maringá, protestaram ontem contra a instalação de uma unidade de semiliberdade destinada à internação de adolescentes em conflito com a lei. O ato, que bloqueou parte da Avenida Tuiuti, ocorreu nas proximidades do terreno onde a construção está prevista, na esquina com a Rua Rio Samambaia.
Com cartazes e faixas, os manifestantes pediram a realocação do projeto, previsto para funcionar em um terreno pertencente ao Governo do Estado do Paraná. Segundo os moradores, esta não é a primeira mobilização contra a obra, os protestos começaram ainda em 2019, quando o projeto foi temporariamente embargado. “Não somos contra o acolhimento de menores, mas sim contra o local escolhido. Já propusemos a troca do terreno, mas não fomos ouvidos”, afirmou uma moradora.
De acordo com os manifestantes, a região já enfrenta desafios relacionados à segurança pública, como, furtos, tráfico de drogas e vulnerabilidade social. A instalação da unidade, segundo eles, pode agravar esse cenário. Para Danielle Souto, moradora do bairro, os moradores apoiam sim a construção da casa, mas não naquele local. “Todo mundo sabe a importância de uma casa de custódia, os adolescentes devem ter um local apropriado, o problema é justamente que aqui já enfrentamos problemas gravíssimos de segurança, como querem colocar algo que pode agravar ainda mais a situação?”, comentou.
A casa de semiliberdade deve acolher até 15 adolescentes e será gerida por meio de parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Maringá. O projeto está em fase de articulação, e o terreno municipal será formalmente repassado ao Estado para a execução da obra.
Segundo o Executivo, a área foi selecionada por estar próxima a equipamentos públicos como escola e Unidade Básica de Saúde (UBS), o que favoreceria o processo de ressocialização dos internos. “O terreno do Estado é estrategicamente localizado e atende aos critérios necessários para o funcionamento do serviço. Cidades como Londrina e Paranavaí já possuem unidades semelhantes sem registros de aumento da violência ou conflitos com vizinhança”, diz o comunicado.
Ainda conforme a administração municipal, visitas técnicas foram realizadas nessas cidades para conhecer o funcionamento do modelo. O município estuda, inclusive, que a unidade de Maringá seja destinada exclusivamente ao acolhimento de adolescentes do sexo feminino, conforme tratativas com a Secretaria Estadual da Justiça.
Mesmo com os esclarecimentos, moradores prometem manter a mobilização. Eles exigem que o governo reveja a localização da obra e se comprometa a dialogar com a comunidade antes de seguir com a construção.
Alexia Alves
Foto – RICTV