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Ator James Ransone é encontrado morto em casa, aos 46 anos

O ator James Ransone, que ganhou destaque por trabalhos na série The Wire e no filme It – Capítulo Dois, morreu na última sexta-feira (19), aos 46 anos. A informação foi divulgada pelo site TMZ.

De acordo com a publicação, a polícia de Los Angeles foi acionada para atender a uma ocorrência em uma residência. Após o registro e a apuração inicial, os agentes elaboraram um relatório sobre a morte e informaram que não há indícios de crime.

Nascido em Baltimore, nos Estados Unidos, em 1979, Ransone cresceu em uma cidade que mais tarde se tornaria cenário simbólico de seu trabalho mais conhecido. Ele estudou artes no Carver Center for Arts and Technology, onde passou do teatro às artes plásticas, desenvolvendo uma formação híbrida que influenciaria sua relação física e intuitiva com os personagens.

A projeção veio cedo, aos 22 anos, quando interpretou Ziggy Sobotka na segunda temporada da série The Wire, que se passava em Baltimore. O personagem — impulsivo, inseguro e frequentemente humilhado — tornou-se um dos retratos mais dolorosos da série. Longe do estereótipo do anti-herói carismático, Ziggy era desconfortável, errático e profundamente humano, exatamente o tipo de papel que Ransone abraçava sem concessões.

Em entrevistas da época, o ator dizia temer clichês e se desconfiar do próprio ego. Para ele, atuar era menos sobre “parecer bem” e mais sobre compreender as contradições do personagem. Essa postura o levou a se envolver intensamente nos projetos, como relatado durante as filmagens da minissérie Generation Kill, quando buscou convivência direta com consultores militares para absorver o ambiente retratado na tela.

No cinema, Ransone transitou entre o terror, o drama independente e o thriller policial. Em It – Capítulo Dois, interpretou Eddie Kaspbrak na fase adulta, dando ao personagem um equilíbrio delicado entre humor nervoso e vulnerabilidade emocional. Também deixou marca em produções como nos filmes Tangerina, de Sean Baker, O Telefone Preto e sua sequência, além de participações recorrentes na televisão americana.

Colegas e diretores frequentemente destacavam sua franqueza e autocrítica. Ransone não escondia inseguranças nem romantizava a carreira. Em uma entrevista ao jornal inglês The Guardian, afirmou que o reconhecimento tardio de The Wire o deixava mais apreensivo do que vaidoso, como se o auge precoce fosse ao mesmo tempo uma bênção e um peso.

Essa consciência atravessava seu trabalho: Ransone parecia interessado em personagens que erram, falham e pagam um preço alto por isso. Sua atuação evitava soluções fáceis e buscava zonas de desconforto, em uma escolha que o manteve distante do estrelato tradicional, mas próximo do respeito crítico.

Ao longo de mais de duas décadas de carreira, James Ransone construiu uma filmografia que não dependeu de protagonistas clássicos, mas de presenças intensas. Seus papéis, mesmo os secundários, tinham densidade e memória. Ele deixa como legado uma obra marcada pela honestidade artística e pela recusa em simplificar a experiência humana.

Foto – Reprodução

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