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Só Jesus não…

A frase completa, sem virgula é: ‘Só Jesus não salva’, que soa absurda à luz das doutrinas cristãs no catolicismo e protestantismo, pois significa a negação de Jesus Cristo como salvador, afirmando que todos salvam, exceto Ele. Mas a separação, após a palavra Jesus deixaria a frase assim: Só Jesus, não salva, o que deve ser entendido como não basta Jesus para salvar, é preciso mais e isso, que cada um fazer a sua parte.
A propósito de Jesus como salvador, o que devemos entender por salvação? Pesquisando, encontrei de um protestante essa definição: Salvação é a mudança do estado de condenação em que o pecador se encontra, por causa do pecado, para o estado de bem-aventurança, para o qual é conduzido pela graça de Deus. Já no catolicismo, há um artigo que trata de um axioma antigo que diz que “extra Ecclesiam nulla salus – fora da Igreja não há salvação”, afirmando que pregar a verdade num mundo dominado pelo indiferentismo religioso pode não ser coisa fácil, mas “não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade para com as almas”.
E prossegue o artigo: Quando Deus nos veio salvar em Jesus, havia um abismo entre ELE e o homem. Se esse abismo já existia pela própria natureza das coisas, Deus é Deus, e as criaturas são criaturas, ele foi ainda mais aprofundado pelo pecado original. Sendo impossível que o homem superasse esse abismo, Deus fez-Se homem. Construiu, assim, o caminho inverso do da Torre de Babel. Enquanto neste, os homens tentavam edificar uma torre que atingisse os céus, naquele, foi o próprio Deus quem veio em socorro da fraqueza humana.
Para a Doutrina Espírita, a ideia de salvação nasce do conceito religioso de que as almas podem se salvar ou não, depois da morte física, indo para o céu ou inferno. O céu seria o lugar teológico para onde vão os que se salvam, aqueles que foram bons na Terra em sua existência. O inferno seria o oposto, local para os que não se salvaram, porque não fizeram por merecer esse prêmio definitivo, devido às suas atitudes infelizes durante a existência.
O topo moral do ensinamento Espírita é a caridade. Isso está muito bem contextualizado no livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” no capítulo XV, particularmente no item “O Mandamento Maior”, onde Kardec reúne o ensinamento de Jesus e a moral Espírita na síntese do maior mandamento de todos. Não mais “Fora da Igreja ou fora da verdade não há salvação”, que privilegiariam alguma fé religiosa em especial, como a detentora da verdade última, gerando divisões e disputas pelo poder religioso tão comuns em todos os tempos, e ainda em nossos dias. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se encontram resumidos neste ensinamento moral: Fora da caridade não há salvação.
Voltando a questão da existência do céu e inferno, a Doutrina Espírita preceitua que não existem esses lugares teológicos definitivos, são alegorias para estados emocionais e de evolução espiritual transitórios conforme o progresso do espírito imortal.
Assim, salvação a que o Espiritismo se refere não é a um episódio único e definitivo que nos espera após a morte. Salvação não se refere pois a um “lugar”, e sim a um estado de alma. Por exemplo, alguém que vive amargurado em seu próprio mundo, não percebendo nada e ninguém além de si próprio, cria para si um “ambiente” de sofrimento mental, um inferno interior. Se a mesma pessoa descobre potenciais e sai na ação da caridade, pode sair do “inferno” do próprio isolamento, para o “céu” da cooperação. Salva-se a si mesmo.
A salvação é uma ação pessoal e não um julgamento exterior. É o próprio indivíduo que se salva a si próprio, e após a morte continua sendo o mesmo.
Então Jesus não é o salvador? Jesus é nosso modelo e guia. Praticando seus ensinamentos, resumidos no amor ao próximo, salvaremos a existência. Neste sentido Jesus, que não é Deus, e s referia a ELE como Pai nosso no céu, é o salvador.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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