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Obras do Eixo Monumental deixam eventos sem local

Eventos tradicionais do calendário municipal, como, Festa das Nações, Festa da Canção e outros costumavam acontecer na Praça

Considerada um dos pontos mais simbólicos da Cidade, a praça Renato Celidônio, localizada em frente à Catedral Metropolitana, sempre foi palco de manifestações culturais, celebrações religiosas e eventos comunitários do município. No entanto, a nova configuração do espaço, parte do projeto de reurbanização do Eixo Monumental, tem sido alvo de críticas por não contemplar essas funções tradicionais.

Em entrevista em abril deste ano, o prefeito Silvio Barros criticou a ausência de participação popular no desenvolvimento do projeto e apontou falhas na execução.  “O projeto foi feito, implantado, e não houve debate. A empresa de arquitetura admitiu que nunca foi demandada a fazer uma escuta pública. Fizeram o que acharam bonito”, declarou.

Embora reconheça o apelo visual da nova praça, Barros reforça que o local deixou de cumprir seu papel social, ao não atender às demandas práticas da comunidade.

Eventos tradicionais como a Festa da Canção e a Festa das Nações, que movimentavam milhares de pessoas e geravam renda para diversas entidades assistenciais, tiveram de ser deslocados para áreas mais distantes do centro, como o antigo aeroporto.

A mudança, segundo organizadores, afetou diretamente o público e a arrecadação. “As festas da Canção e Nações representam 80% da receita da nossa Casa Assistencial, e é necessário que a Prefeitura dê um pouco mais de atenção a esse tema. Percebemos que vem ocorrendo uma queda no movimento das festas e isso desestimula as casas assistências a participarem no evento”, explica Renato Corghi, presidente da Casa Assistencial Bezerra de Menezes.

Ele também comentou que caso as festas não possam mais ser realizadas no espaço, a preferência é que continuem acontecendo na região do antigo Aeroporto. “Em outras oportunidades, tentaram oferecer às entidades para ser no Parque de Exposições e não teve boa aceitação, pois existem alguns pontos que devem ser analisados como, por exemplo, a questão do estacionamento”, comentou.

A nova estrutura da Praça Renato Celidônio também foi alvo de críticas por não oferecer a infraestrutura mínima necessária para a realização de grandes eventos. A ausência de planejamento para usos religiosos também foi apontada por lideranças católicas, que relataram dificuldades em realizar celebrações como a missa de Corpus Christi e a tradicional procissão da padroeira de Maringá.

 “Agora não tem mais onde fazer o tapete, onde celebrar a missa. O espaço que usávamos simplesmente desapareceu”, afirmou o prefeito na entrevista realizada em abril, relatando ter sido procurado por representantes da Igreja para buscar uma solução.

Maria Aurélia Soares, idosa de 78 anos frequentadora da tradicional Festa da Canção, comentou sobre a mudança. “Sempre fui nas festas que aconteciam ali, pois moro próximo a região e achava prático. Agora, infelizmente pra mim ficou bem longe e um pouco inviável. Espero que as festas voltem a ser realizadas na praça, é o cartão postal da cidade, bem no centro e de fácil acesso. Deveriam ter considerado isso na obra”, declarou.

Em nota, a Prefeitura de Maringá informou que as obras do Eixo Monumental, iniciadas em 2023, ainda estão em andamento. Após a conclusão das obras, as equipes farão uma avaliação sobre a realização de eventos no local.

O município revogou no início do ano uma licitação de uma nova etapa do Eixo Monumental para realizar estudos adicionais e debater com a comunidade novas intervenções no trecho. O objetivo é garantir que qualquer intervenção atenda os interesses da comunidade e considere a função social e cultural dos espaços.

Da Redação
Foto – Reprodução

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