
A palavra hipocrisia deriva do vocábulo grego “hypokrités” (ator), significa a prática de fingir ter certas crenças, virtudes ou sentimentos que a pessoa não possui realmente, muitas vezes exigindo dos outros um comportamento que ela própria não segue. É uma forma de dissimulação e falsidade, onde o indivíduo age como se fosse diferente do que realmente é, buscando aprovação ou vantagens.
Narra o evangelista Mateus, que Jesus Cristo tratou da hipocrisia moral e espiritual na seguinte passagem : Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais por fora o copo e o prato e estais, por dentro, cheios de rapinas e impurezas. Fariseus cegos, limpai primeiramente o interior do copo e do prato, a fim de que também o exterior fique limpo. – Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que vós assemelhais a sepulcros branqueados, que por fora parecem belos aos olhos dos homens, mas que, por dentro, estão cheios de toda espécie de podridões. – Assim, pelo exterior, pareceis justos aos olhos dos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidades.
No mesmo contexto, Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, na “Introdução”, comenta: “Jesus, que prezava, sobretudo, a simplicidade, se aplicou, durante toda a sua missão, a desmascarar a hipocrisia, pelo que tinha nos hipócritas, encarniçados inimigos.”
No mesmo livro, Capítulo VIII, em “Verdadeira pureza. Mãos não lavadas.”, no item 10, Kardec comenta: “O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. Ora, este não chega a Deus senão quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo. Toda aquela em que o homem julgue poder apoiar-se para fazer o mal, ou é falsa, ou está falseada em seu princípio. Tal o resultado que dão as em que a forma sobreleva ao fundo. Nula é a crença na eficácia dos sinais exteriores, se não obsta a que se cometam assassínios, adultérios, espoliações, que se levantem calúnias, que se causem danos ao próximo, seja no que for. Semelhantes religiões fazem supersticiosos, hipócritas, fanáticos; não, porém, homens de bem. Não basta se tenham as aparências da pureza; acima de tudo, é preciso ter a do coração.”
Ainda Kardec, no Capítulo IX, em “Instruções dos Espíritos: A afabilidade e a doçura”, no item 6, registra: “Não basta que dos lábios emanem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ademais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. – Lázaro. (Paris, 1861.)”
O codificador da Doutrina Espírita também adverte acerca de Espíritos desencarnados hipócritas e enganadores, no Capítulo XXI, em “Não creais em todos os Espíritos”, no item 7, esclarecendo: “O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudossábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias. (…) O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais. É à maneira de se distinguirem dos maus os bons Espíritos que, principalmente, podem aplicar-se estas palavras de Jesus: ‘Pelo fruto é que se reconhece a qualidade da árvore; uma árvore boa não pode produzir maus frutos, e uma árvore má não os pode produzir bons.’ Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos.”
E para concluir, tomemos cuidado com os hipócritas da política, e nas nossas relações sociais. Sejamos todos nós, também, verdadeiros, honestos, sérios, do bem
Akino Maringá, colaborador
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