Início Destaques do Dia Com greve no transporte público, liminar determina operação de 70% dos ônibus

Com greve no transporte público, liminar determina operação de 70% dos ônibus

De acordo com o prefeito, uma solução temporária para quem utiliza o transporte coletivo são as caronas solidárias

Em decisão liminar, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região determinou, no fim da tarde desta quinta-feira, a manutenção da atividade de 50% da frota de ônibus em Maringá nos horários normais e, no mínimo, 70% da frota circulante em horário de pico (entre 6h30 e 8h30; 11h30 e 13h30; 17h e 19h). A decisão é da desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão em razão da greve de motoristas e cobradores do transporte coletivo na cidade.

O retorno do contingente de trabalhadores paralisados para cumprir a decisão deve ser imediato. Em caso de descumprimento, a desembargadora estipula multa de R$ 50 mil por dia ao Sindicato dos Trabalhadores em Veículos Rodoviários de Maringá (Sinttromar).

A decisão convoca ainda as empresas – Cidade Canção e Cidade Verde – e o sindicato dos trabalhadores para uma audiência de negociação do dissídio coletivo da categoria para às 16 horas, desta sexta-feira.

De acordo com o documento: “Sendo assim, a fim de evitar prejuízos à coletividade, considerando a essencialidade do serviço de transporte público, bem como o pronunciamento deste Regional em situações análogas, defiro parcialmente a liminar requerida”.

COLETIVA

Durante entrevista coletiva realizada ontem, o prefeito de Maringá, Silvio Barros, detalhou os esforços da administração municipal para atender parte das reivindicações da categoria, incluindo reajuste salarial de 2,5% acima da inflação, aumento no vale-refeição e implantação de um plano de saúde para os motoristas. Inicialmente previsto para entrar em vigor apenas no orçamento do próximo dissídio, em maio de 2026, o benefício teve sua antecipação para maio deste ano aceita pela Prefeitura, em alinhamento com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão responsável pelo transporte metropolitano.

No caso do transporte urbano, o impacto recai diretamente sobre os cofres públicos. “O sistema é subsidiado pela Prefeitura com mais de R$ 50 milhões por ano. Qualquer novo custo será arcado com o dinheiro da população maringaense”, alertou Barros.

Ele reforçou que antes de concordar com a redução do intervalo intrajornada, outra pauta apresentada pelo sindicato, é necessário calcular os impactos e dialogar com a comunidade. “Pedi 60 dias para calcular o impacto, mas o sindicato recusou qualquer tentativa de negociação. A intransigência foi total”, afirmou.

Barros também destacou o desequilíbrio entre os usuários diretos do sistema e os pagadores de impostos: “O transporte é utilizado por cerca de 85 mil pessoas, mas é subsidiado pelos impostos pagos por mais de 400 mil habitantes. Não tomaremos decisões na base da pressão ou da faca no pescoço.”

IMPACTO

O prefeito reconheceu que a greve já afeta outros serviços públicos, principalmente nas áreas de saúde e educação, com servidores enfrentando dificuldades para chegar ao trabalho. A Prefeitura está buscando alternativas de transporte para seus funcionários, inclusive incentivando sistemas de carona solidária entre servidores que trabalham na mesma região da Cidade.

Segundo ele, a Secretaria de Mobilidade Urbana, a Procuradoria-Geral do Município e a Agência Maringaense de Regulação (AMR) estão atuando de forma conjunta para lidar com os impactos da paralisação e manter a estabilidade dos contratos de concessão com as empresas.

Em relação ao aumento de transporte irregular e clandestino, principalmente entre Sarandi e Maringá, a Prefeitura afirmou que está reforçando a fiscalização, mas sem impedir alternativas emergenciais. “Precisamos encontrar formas de manter a cidade em funcionamento, mas garantir a segurança das pessoas que usam temporariamente esse tipo de serviço é nossa responsabilidade”, disse Barros.

Para os usuários do transporte coletivo, a greve pegou muita gente de surpresa, como o senhor Jaime Castro que foi até o Terminal para pegar o ônibus e ir até a casa do filho. Ele era um dos pouquíssimos transeuntes dentro do Terminal Urbano ontem. “Quebrei a cara. Vim feliz da vida para fazer uma visita na casa do meu filho e ver meu netinho, mas acabei de saber que os motoristas estão em greve e não tenho como chegar lá.  Agora estou aqui nesse vazio sem ter o que fazer.  Só me resta avisar a família que não vou nem hoje, nem amanhã e vai saber quando a circular vai funcionar de novo”.

“Estou pensando o que vou fazer nos próximos dias se essa greve continuar.  Hoje fui pega de surpresa e graças a Deus no final de semana não trabalho e não preciso pegar ônibus.  Mas se segunda-feira feira ainda estiver sem circular vai complicar para quem precisa chegar no trabalho e voltar pra casa. Pedir Uber é impossível de caro”, desabafa Ana Maria Rodrigues.

EMPRESAS

Em nota, as empresas TCCC e Cidade Verde, após a realização da audiência, realizada ontem, mediada pelo egrégio TRT9, com a participação e anuência dos Poderes Públicos, estadual e municipal, observando os termos da lei e do interesse coletivo, apresentaram propostas ao sindicato profissional.

Ainda assim, os participantes foram surpreendidos com a afirmação de que o sindicato não as defenderia junto a categoria, buscando o término da greve, pelo que a mediação, devido a essa postura do sindicato, não chegou a êxito. Desta forma, a questão foi submetida à apreciação da Justiça do Trabalho (TRT9).

A greve, nas condições levadas pelo sindicato, se materializa apenas como ação contrária à continuidade do serviço público e aos interesses de milhares de usuários do transporte público essencial à sociedade maringaense.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Veículos Rodoviários de Maringá (Sinttromar), após um dia inteiro de paralisação, com uma adesão de 100% dos trabalhadores, a categoria pela continuação da greve. “A decisão foi tomada após uma nova mediação da Justiça do Trabalho, entre o Sinttromar, TCCC e Cidade Verde, com a participação da Prefeitura Municipal. Na reunião, não houve nenhum avanço ou apresentação de contraproposta por parte da empresa. Sendo assim, os trabalhadores decidiram por unanimidade a manutenção do movimento paredista”, diz nota.

Da Redação
Foto – Reprodução

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