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Agosto Azul reforça cuidados com saúde do homem

Cuidados com saúde do homem pautam campanha Agosto Azul

Durante o mês de agosto, Maringá intensifica as ações voltadas à saúde do homem por meio da campanha Agosto Azul, instituída pela Lei Estadual nº 17.099/2012. A iniciativa tem como objetivo incentivar hábitos saudáveis, estimular o autocuidado e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde.

A campanha busca justamente provocar uma reflexão e estimular mudanças de atitude. “O Agosto Azul vai além de um mês de conscientização. É uma oportunidade para que cada vez mais homens assumam o protagonismo da própria saúde, não apenas este mês, mas durante todo o ano. Cuidar da saúde não deve ser visto como sinal de fraqueza, mas de responsabilidade com a própria vida e com as pessoas que amam”, reforça o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Segundo dados divulgados pelo Observatório de Saúde Pública, em 2024, os homens representaram 54,4% das internações por condições evitáveis na Cidade e das 1.952 internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária à Saúde (CSAPS) registradas entre janeiro e dezembro, 1.061 envolveram pacientes do sexo masculino.

Essas condições incluem doenças que poderiam ser prevenidas ou controladas com acompanhamento médico regular, como hipertensão, diabetes, infecções urinárias, doenças respiratórias e problemas cardiovasculares. O grupo mais afetado é o de homens com 65 anos ou mais, reforçando a necessidade de intensificar o monitoramento da saúde na terceira idade.

Em Maringá, os dados de vacinação também revelam um cenário preocupante. Das 85.412 doses bivalentes contra a covid-19 aplicadas até o momento, apenas 36.941 foram em homens, o que representa 43,27% do total, segundo o Vacinômetro do Ministério da Saúde. A baixa adesão à vacinação é outro indicativo da necessidade de fortalecer ações de prevenção e informação junto ao público masculino.

Já segundo o último levantamento da situação de saúde do homem maringaense, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá, cerca de 44,7% admitem o uso recorrente de automedicação, 42,3% não realizam exames preventivos de rotina e 30,4% relatam consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Esses hábitos, aliados ao sedentarismo, à má alimentação e ao tabagismo, aumentam significativamente o risco de doenças crônicas, infartos, câncer e morte precoce.

“Os homens procuram hospitais para atenderem suas necessidades de natureza clínica, porém, também consideram possibilidades como a farmácia e a automedicação. A atenção às necessidades masculinas de saúde envolve articulação política intersetorial e postura respeitosa de profissionais de saúde”, comentou Guilherme Oliveira de Arruda, colaborador da pesquisa.

MOTIVOS

A baixa procura por serviços médicos continua sendo um dos principais desafios para a saúde masculina. Culturalmente, muitos homens ainda evitam consultas e exames de rotina por receio, desinformação ou pela crença equivocada de que o cuidado com a saúde é sinal de fraqueza. Essa resistência contribui para o agravamento de doenças que poderiam ser tratadas com maior eficácia se diagnosticadas precocemente.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) também reforçam esse cenário. Em 2023, apenas 29% dos atendimentos individuais realizados na Atenção Primária à Saúde foram destinados a homens entre 20 e 59 anos. Eles também lideram as estatísticas de internações por doenças que poderiam ser evitadas com vacinação ou acompanhamento contínuo, como doenças imunopreveníveis (69,8% dos casos), angina (57,2%), insuficiência cardíaca (56,1%) e infecções de pele (62,4%).

Para o urologista Victor Hugo Belinati Loureiro Neto, é urgente uma mudança de mentalidade. “Muitos homens ainda acreditam que procurar o médico é sinal de fraqueza, quando, na verdade, o cuidado com a saúde é uma atitude responsável e necessária. Câncer de próstata, por exemplo, tem altas chances de cura se diagnosticado precocemente. Mas, infelizmente, muitos só procuram ajuda quando os sintomas já são graves”, alerta.

A percepção é compartilhada por Altamir Soares, idoso morador de Maringá. “Eu só vou no médico quando estou doente. Sempre me ensinaram que tinha que engolir o choro e trazer sustento pra casa. Não vejo necessidade de ficar indo procurar coisa que eu nem tenho. Mas acho legal a campanha e sei que é importante mesmo me cuidar, só não tenho o hábito”, relata.

A Sesa destaca a importância de medidas simples e eficazes de promoção da saúde, como o monitoramento da pressão arterial, alimentação saudável, prática regular de atividades físicas, cessação do tabagismo e atualização da carteira vacinal. A campanha estadual segue durante todo o mês com ações educativas, atendimentos preventivos e orientações nos serviços de saúde municipais.

Alexia Alves
Foto Reprodução

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