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Motociclistas representam 52% das mortes no trânsito

Curitiba/PR - 22/07/2025 - Dia Nacional dos Motociclistas será em 27 de julho, conforme a Lei 15.006/2024. A data tem o propósito de aumentar a conscientização sobre os riscos enfrentados por motociclistas e reduzir o número de acidentes no trânsito. Foto: Giuliano Gomes/Detran - PR

Mais da metade das mortes no trânsito registradas em Maringá neste ano envolvem motociclistas. Dos 23 óbitos contabilizados até agosto, 12 foram de condutores ou passageiros de motos, o que representa 52% das vítimas fatais.

De acordo com o delegado Luiz Alves, que esteve à frente da Secretaria de Mobilidade Urbana de Maringá, a alta vulnerabilidade dos motociclistas em caso de acidente é um dos principais fatores que explicam essa estatística. “Na moto, se houve acidente e a pessoa caiu, todo o corpo fica desprotegido. Há uma série de situações traumáticas que podem levar a ferimentos graves e até a morte”, afirmou.

Uma das medidas recentes para conter o número de acidentes na Cidade, segundo a Secretaria, é a implantação de bolsões exclusivos para motos nos semáforos. No entanto, para Alves, a imprudência segue como o maior desafio no trânsito maringaense. “A maioria dos acidentes que vamos detectar hoje ou ocorrem por uma imprudência, ou uma falta de perícia e falta de cuidado e educação: não respeitar cruzamento, preferencial, etc. O motociclista sempre acaba sendo a vítima, no geral”, pontuou.

O motociclista Rafael Ravaneli Schiavon, morador de Maringá, compartilha da mesma preocupação e afirma que o risco é constante. “O motoqueiro sempre será o mais fraco do trânsito, tanto de tamanho, espaço, etc. Amo andar de moto pela liberdade e economia, mas se você bate, infelizmente é você quem vai mais se machucar. Muitas vezes os ônibus ou carros não nos veem e provocam acidentes, e também há muitos motociclistas que, devido à praticidade e velocidade, acabam furando preferenciais e provocando acidentes, e, como a gente vê, o destino acaba sendo a morte”, relatou.

NACIONAL

O crescimento da frota de motos, no entanto, não é um fenômeno isolado de Maringá. Na Cidade, são aproximadamente 47 mil motos e, em todo o país, o número de motocicletas aumentou 42% entre 2015 e 2024, chegando a 35 milhões de veículos, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).

Segundo o Atlas da Violência 2025, o número de mortes no trânsito envolvendo motociclistas passou de 11.182 em 2019 para 13.477 em 2023. Atualmente, uma em cada três mortes no trânsito no Brasil envolve uma motocicleta, mesmo que elas representem menos de 25% da frota total de veículos.

Para Victor Pavarino, oficial técnico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, o problema vai muito além da imprudência individual. Ele aponta que a dependência da motocicleta como principal meio de transporte e fonte de renda está ligada a falhas estruturais no sistema de mobilidade urbana do país.

Doutor em Transportes pela Universidade de Brasília, Pavarino defende que o combate à chamada “epidemia das motos” exige medidas de curto e longo prazo. Entre elas estão o fortalecimento do transporte público, a ampliação da fiscalização, o incentivo ao uso de equipamentos de segurança e a regulamentação das atividades de motociclistas de aplicativo, que costumam enfrentar jornadas longas, com pouco ou nenhum respaldo legal e trabalhista. “Essas pessoas trabalham oito, 12 horas por dia, e, obviamente, na condição com que elas vão trabalhar, elas vão ficar ainda mais vulnerabilizadas”, destacou.

REGULARIZAÇÃO

Além da vulnerabilidade desses condutores em caso de acidentes, os desafios também aumentam com a falta de regularização. No Paraná, são 1,8 milhão de motociclistas que não possuem habilitação na categoria B e, segundo dados da Secretaria de Mobilidade Urbana de Maringá (Semob), de janeiro a julho de 2025 foram registradas 299 apreensões de condutores sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH), uma média de 42 casos por mês.

Para a Semob, o problema é estrutural e não se resolve apenas com ações pontuais de fiscalização. A pasta defende um monitoramento contínuo e políticas de educação no trânsito, visando reduzir o número de condutores inabilitados e ampliar a segurança viária. (Alexia Alves)

Foto: Reprodução)

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