
Com 20 votos favoráveis, Cris Lauer é a primeira vereadora cassada na história de Maringá; professor Pacífico assume a cadeira na Câmara
Sem comparecer na sessão especial que decidiu seu futuro político e a permanência no cargo de vereadora, Cris Lauer não acompanhou no plenário a votação que cassou seu mandato. O advogado de defesa da vereadora também não compareceu no julgamento, optando por não fazer a defesa oral prevista no regimento da Câmara Municipal de Maringá. Cris Lauer é a primeira vereadora cassada na história da Cidade e também perde, no momento, os direitos políticos por 11 anos.
A defesa da vereadora pediu o adiamento da votação, alegando que o advogado de Lauer, Leandro Souza Rosa, tinha audiência de instrução em Almirante Tamandaré no mesmo horário. O pedido, no entanto, foi negado, e a parlamentar, assim como o seu advogado, não compareceram à sessão.
Para garantir a presença de ambos, a Mesa Executiva também adiou por meia hora o início da sessão, enviou link de participação on-line por e-mail e WhatsApp, mas não houve resposta. Assim, a sessão começou pela leitura do relatório da Comissão Processante (CP).
O relatório da Comissão Processante apontou improbidade administrativa pelo uso irregular de seu ex-chefe de gabinete que advogou em causas particulares da vereadora. A cassação foi aprovada por 20 votos a 2, sendo os votos contrários à cassação de Giselli Bianchini e Daniel Malvezzi, do mesmo partido que Lauer. Enquanto outro ponto do relatório, sobre a suposta quebra de decoro por ataques aos colegas vereadores foi considerado improcedente, com 21 votos favoráveis e apenas 1 contrário, de Flávio Mantovani.
Segundo o relator do processo, vereador Sidnei Telles, as provas incluíram um áudio no qual Lauer confirmaria a prática denunciada pelo Ministério Público. “Todos os vereadores e parlamentares precisam entender que isso não é uma prática que podemos fazer com o dinheiro do povo, pegar o dinheiro público pra fazer um serviço particular é coisa séria. Precisamos ter misericórdia do povo”, afirmou. Ele também lamentou os ataques que sofreu após a entrega do relatório.
Durante os debates, o vereador Daniel Malvezzi defendeu a vereadora e votou contra a cassação, argumentando que não ficou caracterizado dolo específico na contratação do assessor, após comprovação, em inquérito civil, de que o funcionário atuou como Chefe de Gabinete. “Lá foi constatado que, por mais que controverso, ele atuou como chefe de gabinete. Assim como atuou como advogado. Logo, para que seja construído esse dolo específico, ele deveria ter sido contratado única e exclusivamente para advogar a favor dela, mas não é o que aconteceu”.
Nas redes sociais, Cris Lauer classificou a decisão como uma manobra política: “A inveja e a incompetência de alguns sobrepõem o bom senso e a sensatez. Manipulam fatos e sentenças para criar a narrativa e depois abatem”.
Com a decisão, o mandato de Cris Lauer foi encerrado imediatamente e o resultado será lavrado em ata oficial e culminará com a expedição de um decreto legislativo pela Mesa Executiva, formalizando a cassação do mandato.
Em seguida, o ato será publicado no Diário Oficial do Município. Paralelamente a esse trâmite, a Câmara de Maringá informará a decisão do plenário à Justiça Eleitoral para as devidas providências. O suplente do partido, José Carlos Pacífico, deve assumir a cadeira nos próximos dias.
Alexia Alves
Foto – Reprodução
