
Um mundo do bem, sem ninguém mostrando o muque. Uma ilha zen. Um mundo azul, cheio de paz, ternura e amor. Algo assim como um lugar-não-lugar, um céu na terra, um espaço onde entre aves e flores possam viver pessoas de alma livre e coração levinho. Dá pra entender?
Você pode dizer que isso é coisa de poeta. E acertou: é sim. Pode dizer também que a realidade é muito diferente. Acertou de novo: é sim. Mas a realidade só é assim porque ela não aprendeu ainda a ser como deveria ser.
Hoje a realidade não é uma coisa que se possa realmente chamar de vida – é uma barbaridade, uma brutalidade. É gente brigando com gente, competindo, invejando, desconfiando, mentindo, fofocando, xingando, caluniando, matando, roubando, como se todos fossem inimigos ou rivais de todos.
Mas você acha que precisa mesmo ser assim?
Se a gente pensasse um pouco, baixasse as armas e brigasse menos, o mundo seria azul sim. Não haveria necessidade de muro, bodoque, fuzil, canhão, míssil, polícia, exército. Já pensou que beleza? A gente poderia dormir com as janelas abertas, poderia sair à rua sem medo de ser assaltado, poderia viajar pelo mundo todo sem o risco de, de repente, algum poderoso apertar um botão, detonar uma megabomba e mandar para os ares o planeta inteiro.
Será preciso mesmo a gente continuar vivendo em meio a tanta maluquice?
Se a gente fosse mais azul, mais zen, mais paz, mais ternura, mais amor, já pensou que bom seria? E quanto dinheiro seria poupado se não houvesse necessidade de gastar tanto dinheiro com segurança?
Cada um teria uma atividade profissional, cumpriria sua tarefa diária; depois, na maior tranquilidade, escolheria a melhor maneira de fruir o tempo: iria caminhar no parque, reunir-se com o grupo de oração, convidar amigos para um sorvete ou cafezinho, tocar violão, cantar no coral, pintar, plantar roseiras, escrever poesia, jogar futebol, nadar, jogar truco ou dominó…
Fantasia? Talvez sim, talvez não. Basta a gente pensar um pouco, baixar as armas, parar de brigar, aprender finalmente a ser gente azul.
A. A. de Assis
Foto – Reprodução