
Em 1991 foi lançada, e logo se tornou um grande sucesso, uma música que mudou a existência dos irmãos, cujos nomes artísticos são Zezé de Camargo e Luciano.
Eu não vou negar que na época, no auge dos 40 anos, com menos experiência do que pensava ter, entendia que se tratava de um hit, cuja letra falava de amor, como título sugere. Passados 34 anos, muito mais maduro, com alguma dose de conhecimento de filosofia cristã ouso analisar a composição para uma reflexão e tentar responder à interrogação. Vejamos alguns trechos:
‘Eu não vou negar, que sou louco por você.
‘To maluco pra te ver. (…) Sem você tudo é saudade. Você traz felicidade (…) .E eu sou o seu apaixonado, de alma transparente, um louco alucinado, meio louco alucinado, meio inconsequente, um caso complicado de se entender’.
Até aqui nos parece que se fala de paixão e paixão não necessariamente é amor, mas neste trecho: ‘ É o amor, que veio como tiro certo no meu coração, que derrubou a base forte da minha paixão’, as dúvidas desaparecem. Tiro certo no coração é causa de morte, e amor é vida, além do mais, se fala da base forte da paixão, então se trata mesmo de paixão e não de amor.
Sobre amor, A.A. de Assis, em uma das suas últimas crônicas, que peço licença para resumir, escreveu: ‘Em todos os países, no frontispício do Ministério da Saúde, poderiam colocar um letreiro com aquela frase célebre do Dr. Sigmund Freud: “É necessário amar para não adoecer”. As pessoas que têm formação cristã vêm ouvindo há dois mil anos o “amai-vos uns aos outros”. Todas as outras religiões, igualmente, colocam o amor como fundamento da civilização e condição sine-qua-non para a felicidade.
Freud não seguia religião nenhuma, era, porém, um sábio e como tal buscava na causa a razão do efeito. Para uma pessoa estar bem é preciso que esteja intrinsecamente em paz, e para que isso aconteça é preciso que esteja cheia de amor, ou seja, de bem com o mundo e consigo mesma. A causa é a ausência de paz interior. Ausência de paz é ausência de amor.’
Deus é amor, prossigo eu, reproduzindo o que aprendi estudando o Evangelho e alguns pensadores espirituais: ‘“Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”. (João, 4: 7-8).
O amor é “princípio da vida universal, proporciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade de radiação que aquece e vivifica tudo em volta de si; é por ele que ela se sente estreitamente ligada ao poder divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor. O amor é uma força inexaurível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe. É pelo amor, sol das almas, que Deus mais eficazmente atua no mundo”. (León Denis)
“O verdadeiro e mais puro amor é o fraterno, e, quando ele se expande, alcança o estágio de amor fraterno-universal. O amor que se constrói a partir das relações afetivas é gerado por experiências de vida, ou de vidas, para que a alma lapide seu egoísmo, orgulho, vaidade, impulsos instintivos, apego e tantas outras mazelas que precisam ser transformadas em consciência maior e amor maior, em direção à família cósmica”. (Ramatis).
“Alcança-se a plenitude terrena quando se consegue amar. Amar, sem qualquer condicionamento ou imposição, constitui a meta que todos devem perseguir, a fim de atingir o triunfo existencial”. (Joanna de Ângelis).
E concluindo: O amor conjugal só é completo, penso, se começar acompanhado de paixão, que pode virar só amizade, no final da jornada. Há amor de pais e filhos e amor ao próximo. Amor é o substantivo, amar é o verbo que significa fazer pelos outros tudo que gostaríamos que fizessem por nós. E não fazer o que não queremos que façam conosco. Amar a Deus ( Criador) é respeitar suas leis imutáveis e amar suas criaturas.
Amemo-nos uns aos outros. O Amor é eterno, se não for eterno, não é amor ( Hélio Ribeiro)
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução
