Dom Frei Severino Clasen, Arcebispo da Arquidiocese de Maringá, determinou a extinção da Comunidade Católica Coração Eucarístico de Jesus, coordenada pelo padre Rodrigo Gutierrez Stabel, vigário da Paróquia Santa Maria Goretti. O documento dá prazo de 30 dias para que todas as atividades realizadas sejam suspensas. O Arcebispo também faz declarações sobre o comportamento, condutas e iniciativas do sacerdote.
A explicação para essa medida ser tomada, segundo Dom Frei Severino, é que a comunidade não é reconhecida oficialmente pela Igreja Católica. Dessa forma, além do final do grupo, deverá ser suspensa a realização de celebrações presencial ou virtual com os membros da associação e a descaracterização o espaço para que não tenha a conotação da capela pública. Ficou revogada a permissão para conservar o Santíssimo Sacramento no local, concedida por Dom Anuar Battisti.
O Arcebispo de Maringá também determinou o que o sacerdote Rodrigo Gutierrez Stabel deve fazer a partir de agora, como: se dedicar zelosamente no oficio de vigário paroquial onde foi designado; buscar comunhão com o clero da Arquidiocese; buscar um orientador espiritual, caso ainda não tenha, que possa de fato, ajudá-lo na integração com o clero e na caminhada pastoral arquidiocesana; e residir na paroquia onde foi designado como vigário paroquial.
A entidade foi criada em 2018 com o objetivo de acolher moradores de rua na sede que fica na Chácara Aeroporto. Já sediou eventos religiosos e recebeu o título de utilidade pública estadual por meio de projeto do Deputado Do Carmo (PSL). No atendimento, os acolhidos passam por trabalho de reinserção social de até 12 meses.
PESSOAL
Dom Severino se dirigiu exclusivamente ao padre Rodrigo Stabel no decreto, mostrando o que constatou ao longo dos quatro meses à frente da Arquidiocese de Maringá. No documento relata que percebeu, imediatamente, a dificuldade do sacerdote de viver em comunhão com o clero.
“Constatei que a maioria do clero não concorda e não aceita suas iniciativas em relação a uma possível Comunidade, justamente por você não caminhar em comunhão com a Igreja particular de Maringá. Constatei que seus costumes litúrgicos, sua teologia e eclesiologia destoa da caminhada arquidiocesana. Constatei que você se empenha muito em seus projetos pessoais, e o mesmo não acontece nos trabalhos pastorais relacionados aos ofícios a que você foi designado. Constatei que você tem dificuldade em relação obediência”, expõe trecho do documento.
O oficio continua dizendo que “diante da Carta Apostólica em forma de Moto Proprio do Sumo Pontifica Francisco, Authenticum Charismatis, onde pede para evitar aprovações imprudentes e diz que ‘um sinal claro da autenticidade de um carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de integrar-se harmoniosamente na vida do Povo santo de Deus para o bem de todos’ e ‘o discernimento sobre a eclesialidade e a fiabilidade dos carismas é uma responsabilidade eclesial dos Pastores das Igrejas particulares’. Ao mesmo tempo, ressalta o Papa citando o Decreto Conciliar Perfecta caritatis, deve se evitar que ‘institutos inúteis ou desprovidos de suficiente vigor surjam de forma imprudente’.”
A primeira página do decreto termina com o Arcebispo de Maringá dizendo que, diante do histórico do vigário, percebeu que ele insiste somente em ações próprias e que toda decisão é tomada “após conversar com você por algumas vezes e perceber que não está disposto a reconhecer sua falta de comunhão com a Arquidiocese, sabendo que você não goza, no momento, dos requisitos básicos para fundar e conduzir uma Comunidade que possa caminhar em comunhão com esta Igreja particular”.
OPINIÃO
Por meio do Facebook, o padre compartilhou o documento que recebeu e escreveu: “Queridos amigos, recebi ontem o presente decreto do meu bispo, a quem presto respeito e obediência, conforme a promessa que fiz no dia da minha ordenação, para que chegue ao conhecimento público. Vou procurar com todas as minhas forças cumprir tudo o que o bispo me ordena com filial obediência, em reverência a Nosso Senhor presente em sua Santa Igreja.”
Nas redes sociais, o padre recebeu apoio dos seguidores. Muitas postagens lamentavam a postura do Arcebispo de Maringá. “Padre Rodrigo te conhecemos e sabemos que sempre ouviu a Voz de Deus, estamos juntos nessa”, “absurdo e injustiça com aquele que vive o sacerdócio com amor, que sabe pastorear suas ovelhas, que acolhe a todos com carinho” e “isso para mim se chama inveja, com certeza são denúncias de ‘padres’ vazios” foram algumas frases publicadas.
Redação JP
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