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A cultura da reclamação

Você conhece gente que está sempre reclamando de tudo? Desculpe-me, vou reformular a pergunta. Conhece gente que nunca reclama? Gente que, ao invés de reclamar, investe seus esforços em encontrar solução para os problemas?

E aí… O que você me diz?

Reformulei a pergunta porque é fácil lembrar de alguém que reclama, mas raramente levantamos a mão para dizer: “ei, eu sou essa pessoa que vive reclamando”.  Além disso, pensar em alguém que se esforça para resolver os problemas, faz-nos lembrar de uma pessoa que certamente é diferenciada, inspiradora.

Posso garantir a você que me esforço para ser esse tipo de pessoa: alguém que, ao invés de reclamar, investe todas energias em encontrar soluções. Mas, preciso confessar, quando não estou muito atento ao meu comportamento, também sou adepto das reclamações.

Como regra, a maioria das pessoas é do time que reclama. Reclama do tempo, se está quente, se está frio, se está chovendo… Reclama do trânsito, reclama da falta de tempo, reclama do chefe, reclama do professor, reclama do salário, reclama do governo, reclama da igreja, reclama da comida… Parece que a reclamação é defeito de fábrica.

Nem sempre temos consciência do quanto reclamamos. Entretanto, este é um dos nossos péssimos hábitos. Ter uma atitude propositiva, ser uma pessoa que busca soluções ao invés de fazer reclamações, é uma escolha racional, consciente – daquelas que exigem certo “policiamento” da reação inicial diante de algo que está fora do lugar, fora da ordem, que nos incomoda.  

Em casa, ou fora dela, precisamos agir com a consciência de que a reclamação não muda as coisas. Só nos desgasta e desgasta emocionalmente quem está por perto. O ambiente fica pesado, passível de conflitos.

No trânsito, por exemplo, que diferença faz ficar reclamando o tempo todo dos motoristas que não dão seta, que fecham, que furam o sinal vermelho? Se as nossas reclamações surtissem efeito, os problemas no trânsito já teriam acabado há muito tempo. Contudo, posso garantir, faz diferença planejar previamente o trajeto, não sair atrasado, dirigir com calma, não esquecer de sinalizar corretamente… Faz diferença ser gentil permitindo que alguém mude de via ou entre antes de você numa rotatória.

Na prática, quando reclamamos, a única coisa que fazemos é nos colocar em posição superior aos outros. Passamos a impressão de que, se estivéssemos no controle, os problemas não existiriam, porque sabemos mais do que todo mundo.

Reclamar é também uma maneira de não se comprometer com a solução; quem reclama quase sempre faz menos. A pessoa deixa de agir, porque transfere o problema para o outro, o problema está no ambiente, está no programa de computador, está com a esposa… Ou seja, quem reclama não trabalha pela solução. Quem reclama transfere a responsabilidade para o outro.

Reclamar também é uma maneira de não enxergar os meus problemas, o que eu posso ter feito de errado. Na reclamação,  me isento das responsabilidades. E não mudo minhas atitudes.

Por isso, meu desafio pra você hoje é: seja a pessoa que, ao invés de reclamar, investe suas energias, seus esforços para encontrar soluções. Se for necessário confrontar alguém, chamar a atenção de uma pessoa que está falhando, faça isso. Mas não fique reclamando. Seja propositivo. Tenha a atitude dos vencedores.

Gente vitoriosa pode até ter sorte, mas gente vitoriosa é gente que não gasta energia a toa. Gente vitoriosa é gente que busca soluções, que olha com clareza para o que está acontecendo e não perde tempo lamentando-se por tudo dar sempre errado. O foco é nas possibilidades e não nas impossibilidades. 


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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