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O soçaite em Maringá

Ao longo dos anos 1950 / 1960, os jornalistas mais badalados no Brasil eram os colunistas sociais, que tinham como estrelas de máxima reluzência Ibrahim Sued e Jacinto de Thormes. Eles ditavam moda e determinavam quem poderia ser visto como “gente bem” nos grandes salões da pátria. Os mais vividos devem lembrar-se de um samba que fez sucesso na voz do Jorge Veiga e que em sua alegre ironia mostrava bem a influência dos colunistas:

     “Doutor de anedota e de champanhota, / Estou acontecendo num Café Soçaite, / Só digo enchanté, muito merci, all right, / Troquei a luz do dia pela luz da Light. / Agora estou somente contra a Dama de Preto, / Nos dez mais elegantes, eu estou também, / Adoro riverside, só pesco em Cabo Frio, / Decididamente eu sou gente bem. / Enquanto a plebe rude na cidade dorme, / Eu ando com Jacinto, que é também de Thormes. / Teresas e Dolores falam bem de mim, / Eu sou até citado na coluna do Ibrahim”.

     Do presidente do Flamengo ao presidente da República, todos sonhavam com a glória de jantar no Copa com Ibrahim ou Thormes. Sabiam que seriam notícia no dia seguinte e que a nação inteira tomaria conhecimento do supino evento.

     Mas a força dos colunistas vip não se limitava às altas rodas do eixo Rio-São Paulo. Em todas as capitais e nas demais cidades de grande ou média estatutura havia um ou dois Ibrahins que regiam o soçaite local.

     Em Maringá, os quatro primeiros foram Divanir Braz Palma, Pedro Granado Martinez, Ademar Schiavone e Frank Silva. Começaram bem jovens, assinando colunas na mídia pioneira: A Tribuna de Maringá, O Jornal de Maringá, Folha do Norte do Paraná, Revista NP, e por muitos anos animaram as grandes acontecências do nosso highlife. 

    Divanir e Pedro tornaram-se megaempresários. Divanir foi também vereador e deputado estadual. Ademar virou fazendeiro, proprietário de emissoras de rádio, foi várias vezes secretário municipal, candidato a prefeito, além de presidente da Academia de Letras de Maringá. Frank Silva se projetou na imprensa, no rádio e na televisão e chegou ao topo de sua carreira como diretor-presidente do “O Diário do Norte do Paraná”.

     Como titulares de colunas badaladas, abriam todas as portas, recebiam convites para todas as festas, tinham no caderninho o telefone pessoal do prefeito, do governador, de ministros, de deputados e senadores. Com isso conseguiam saber de tudo e sempre em primeira mão. Aos poucos suas colunas passaram a falar não só de bailes e casamentos, mas também de economia, de política e de tudo o mais que pudesse interessar ao mundo vip. 

     Aliás foi sempre essa a tendência dos colunistas em todo o Brasil e no mundo. Pela sua facilidade de conversar com gente importante, conseguem frequentemente dar grandes “furos”.

     Um abraço, Pedro. Um abraço, Frank. Um abraço, Schiavone. Um abraço, Compadre Divanir.

A. A. de Assis
Foto – Reprodução

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