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Dias inúteis ou inutilizados

No ano de 2024, que é  bissexto, segundo contagem que exclui os sábados, domingos e feriados, teremos um dia a mais no número do que se convencionou chamar de dias úteis.

       O ano bissexto acontece a cada quatro anos e tem duração de 366 dias, diferentemente dos demais que têm 365 dias. A inclusão de um dia foi feita para aproximar o calendário ao movimento de translação da Terra, tempo que o planeta leva para dar a volta no Sol, que é de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Essas horas que ultrapassam os 365 dias são compensadas a cada quatro anos, no dia 29 de fevereiro.

Foi adotado na ditadura de Júlio César, cerca de 50 anos a.C., na Roma Antiga, para ajustar o ano civil ao ano solar. No entanto, a escolha do dia 29 de fevereiro para ser acrescido a cada quatro anos só passou a vigorar em 1582, com o calendário gregoriano, até então fevereiro era o último mês do ano.

E o que seriam dias úteis? Em resumo,  os dias de trabalho, embora como sabemos há trabalhadores que laboram aos sábados, domingos e em feriados, que não considerados úteis.  E qual a definição mais apropriada de trabalho?

No sentido mais econômico é qualquer atividade física ou intelectual, realizada pelo ser humano, cujo objetivo é fazer, transformar ou obter algo para realização pessoal e desenvolvimento econômico. O vocábulo trabalho tem origem no latim, tripalium, termo que era utilizado para designar um instrumento de tortura. Talvez por isso algumas pessoas associam o trabalho a sofrimento.

Contudo, na visão espírita, o Cristo nos traz o labor como benção divina em favor da nossa redenção, pautando-se no amor  e na caridade, como nos ensina do  benfeitor Emmanuel, no livro Pensamento e Vida, que fala de  três tipos: trabalho-obrigação, trabalho-ação e trabalho-serviço:

 O trabalho-obrigação é o que nos remunera. O trabalho-ação é o que transforma o ambiente. Já o trabalho-serviço é aquele que transforma o homem.

No livro de João, capítulo 5, no versículo 17, o apóstolo cita a afirmativa do Governador do nosso Planeta (Jesus): “meu Pai trabalha até hoje, e Eu também”. Daí, podemos concluir quão importante é o labor. Nesse mesmo viés, a Doutrina Espírita nos aponta o trabalho como Lei da Natureza, a qual nos permite o progresso e a evolução material, espiritual e moral.

 O progresso material consiste em cumprir os nossos deveres para conosco mesmos, para a família e para a sociedade da qual participamos. O progresso espiritual é realizado através do trabalho em favor do próximo com caridade.

Na questão 675, do Livro dos Espíritos consta que trabalho é toda ocupação útil. Constatamos, dessa forma, que os estudos, a difusão de doutrinas cristas, independente da religião, por instituições religiosas sérias, constituem-se em trabalho, pois são ocupações úteis e dignificantes.

 Mas não podemos esquecer que o trabalho é uma benção transformadora que nos ajuda reformar a nossa intimidade. É importante frisar que a vida continua e no Plano Maior os trabalhadores da Seara Espírita buscam aprimorar, ainda mais, a evolução e o progresso próprio e coletivo. 

Há relatos do Espírito André Luiz, nos livros Nosso Lar, Os Mensageiros, Ação e Reação, de diversos postos de tarefas onde os Benfeitores nos mostram atividades constantes e exemplos nobres de dedicação ao Bem. Dessa forma, sem sofrimento, devemos aproveitar a encarnação atual e dedicar ao trabalho-serviço em favor do próximo e da comunidade. Pois, na seara espírita quem abraça uma tarefa é o primeiro a ser beneficiado.

Voltando ao título, podemos afirmar, sem medo de errar, que não há dias inúteis, que seriam o contrário de dias úteis, mas ‘dias inutilizados’, assim entendidos os que são dedicados à ociosidade maléfica, ou com pensamentos direcionados ao crime  e  à ausência do bem.

Este ano serão 255 dias úteis, pela CLT. Façamos de 2024, 366 frações de 24 horas de  trabalho no bem. Não inutilizemos nenhum minuto,  até dormindo, pois a Alma não descansa.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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