Início Colunistas Nosso lar

Nosso lar

      A palavra lar vem do nome dado aos deuses romanos, protetores de um domicílio, os lares, que se relacionavam ao local onde era aceso o fogo para cozinhar e aquecer, um conceito que hoje não temos mais. A palavra “lar”, em nosso idioma, ainda se usa para “local onde se acende o fogo numa casa”, mas sendo substituída por “lareira”.

      Quando nos referimos a nosso lar,  falamos da nossa casa,  residência, ou domicílio, lugar inviolável,pela lei,  e aqui aproveitamos para uma reflexão sobre um Livro,com o mesmo nome, publicado em 1943, e  o segundo filme da série, lançado em 25 de janeiro, último.  

       Psicografado por Chico Xavier, ditado pelo Espírito que se apresenta com o nome de André Luiz, que teria sido o médico,  e pesquisador Carlos Chagas, falecido em 8 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro, e 09 anos depois se manifestou espiritualmente, através do conceituado médium mineiro para descrever sua situação após a morte física,no que alguns podem chamar de inferno, e a colônia chamada ‘ Nosso Lar’,  para onde foi depois de resgatado,   dizendo:

‘Guardava a impressão de ter perdido a ideia de tempo.Convicto de não mais pertencer ao mundo dos encarnados , meus pulmões respiravam a longos haustos. Sentia-me amargurado. Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível. Formas diabólicas,  expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro

E a estranha viagem prosseguia… Com que fim? Quem o poderia dizer? Apenas sabia que fugia sempre… O medo me impelia de roldão. Onde estava o lar, a esposa, os filhos? Perdera toda a noção de rumo desde que me desprendera dos últimos laços físicos, em pleno sepulcro. Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser.

De início, as lágrimas lavavam-me o rosto, sem parar. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos, precisa fugir deles. Pensamentos angustiosos atritavam-me o cérebro. Mal delineava projetos de solução, incidentes numerosos impeliam-me a considerações estonteantes.

  Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem. Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente.

 De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho, entretanto, era forçoso reconhecer que nunca procurara as letras sagradas com a luz do coração.  Identificava-as através da crítica de escritores menos afeitos ao sentimento e à consciência, ou em pleno desacordo com as verdades essenciais.

 Em verdade, não fora um criminoso, no meu próprio conceito. A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me. A existência terrestre, que a morte transformara, não fora assinalada de lances diferentes da craveira comum.

Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade do meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranquilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência.

    Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca     avaliei,  esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor. Possuíra um lar que fechei a todos os que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade.

Era justo, pois, que aí despertasse à maneira de mendigo infeliz, que, exausto em pleno deserto, perambula à mercê de impetuosos tufões.

Amigos da Terra, acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois.’

Pensemos nisso !

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

COMPARTILHE: