
Quem nunca se perdeu em um sonho acordado? Projetamos a casa nova, a promoção no trabalho, a viagem ao exterior, o relacionamento ideal. Sonhar é o primeiro motor da alma. Contudo, como nos lembra o escritor Augusto Cury, sonhos sem disciplina são como sementes ao vento: voam bonito, mas não criam raízes. Entre o desejo e a conquista existe uma ponte, e hoje vamos entender como construí-la, passo a passo.
O primeiro pilar dessa construção é a disciplina. É aqui que o renomado estudioso da mente, Augusto Cury, toca num ponto sensível: “quero, mas não faço”. Desejamos o resultado, mas relutamos em abraçar o processo. Não por acaso, pesquisas da Universidade de Scranton (Pensilvânia, EUA) revelam que 92% das pessoas abandonam suas metas nos primeiros três meses. Nosso cérebro, como mostram estudos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA), é programado para preferir a recompensa imediata do sofá à promessa distante da linha de chegada.
Imagine dois amigos que sonham em escrever um livro. Um deles, o sonhador idealista, espera pela inspiração perfeita, pelo dia em que a genialidade, a criatividade baixará sobre ele. O outro, o realizador metódico, estabelece uma meta modesta, porém inegociável: escrever 300 palavras por dia, com ou sem inspiração, faça chuva ou faça sol. Não é preciso adivinhar qual deles, ao final de um ano, terá um manuscrito pronto para ser publicado.
Contudo, disciplina sem direção é esforço perdido. Ela precisa de foco, a arte de ignorar quase tudo que nos desvia. Vivemos em um mundo que é uma verdadeira máquina de destruir nossa concentração. Somos interrompidos, em média, a cada 11 minutos no trabalho e checamos o celular a cada 3 minutos. A boa notícia, segundo um estudo publicado na revista internacional Neuroimage, é que o foco não é um dom, mas uma espécie de musculatura. Pessoas que treinam a atenção sustentada desenvolvem um córtex pré-frontal mais espesso, a área do cérebro responsável pelo planejamento e pela decisão.
Aqui entra um aspecto adicional – porém, crucial: a estratégia. Muitos de nós tropeçamos por mirar no destino final sem mapear o primeiro passo. O sonho é grande — “quero ser saudável” —, mas a estratégia é péssima — “vou mudar tudo na segunda-feira”. Uma estratégia inteligente, por outro lado, foca no micro-hábito: “hoje, troco o refrigerante por água”. Ou ainda: “começo hoje a caminhar 10 minutos, cinco dias por semana”. Parece pouco, mas essas pequenas mudanças fazem parte de uma estratégia que, com foco e disciplina, levam aos resultados sonhados.
Entretanto, tudo acontece em nossa vida a partir de uma escolha. Todo começo é resultado de uma escolha e, como diz Augusto Cury, toda escolha implica uma perda. Para abraçar um sonho, precisamos abrir mão de algo. As noites em frente às telas precisam dar lugar às horas de estudo. As horas no sofá talvez se tornem dias de treino. A segurança do conhecido deve ser trocada pelo risco do crescimento. Essa etapa dói porque, como provou o Nobel de Economia Daniel Kahneman, nosso cérebro registra a dor da perda com o dobro da intensidade da alegria de um ganho. É por isso que desistir, muitas vezes, parece mais fácil.
A beleza de toda essa equação, porém, é que as ferramentas para construir sonhos — disciplina, foco, estratégia e coragem para escolher — não dependem de sorte, herança ou genialidade. Elas estão ao alcance de todos nós. O segredo não é ter um sonho grande demais, mas garantir que nosso plano diário não seja pequeno demais.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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