
Você já reparou que a sua paciência parece um tanque de gasolina? De manhã, após uma boa noite de descanso, o tanque está cheio. Você até aguenta o trânsito, lida com um cliente difícil, diz “não” para aquele doce depois do almoço… mas, quando o dia está terminando, parece que você está andando na reserva. Qualquer coisinha te faz explodir.
Para você entender por que isso acontece, quero te contar sobre um experimento famoso do psicólogo Roy Baumeister. Ele pegou um grupo de estudantes com fome e os colocou numa sala com um cheiro maravilhoso de cookies de chocolate quentinhos. Na mesa, havia um prato de cookies e um prato de… rabanetes.
Uma parte dos estudantes pôde comer os cookies. A outra parte foi condenada à tortura de comer os rabanetes, olhando e sentindo o cheiro dos cookies que eles não podiam tocar. Imagina a força de vontade que esses coitados precisavam usar para não ceder à tentação dos doces.
Depois, todos foram para uma outra sala, fazer um teste de persistência: resolver um quebra-cabeça bem difícil. E o resultado foi revelador. A turma que comeu os cookies persistiu, em média, por 20 minutos. Já a turma que gastou toda a sua energia resistindo aos cookies… desistiu em menos de 8 minutos.
Não sei se você entendeu, mas esse experimento científico nos ensina a grande lição do “esgotamento do ego”: a força de vontade é como um músculo. E, como todo músculo, ele cansa. Cada vez que você usa seu autocontrole durante o dia, você está fazendo uma “repetição” nesse músculo.
Foi paciente com seu chefe? Uma repetição. Resistiu à vontade de olhar o celular e focou no trabalho? Outra. Não respondeu àquela provocação no grupo da família? Mais uma. Comeu a salada em vez da batata frita? Repetição pesada e muita energia gasta.
O problema é que a gente acha que “força de vontade” é uma coisa inesgotável. E quando chega determinado horário do dia, depois de passar o dia inteiro “malhando” o autocontrole, o “músculo” está fadigado. O tanque está vazio. E é por isso que, depois de passar por situações que esgotam, cedemos à comida que não deveríamos comer, estouramos com os filhos por um motivo bobo, ou desistimos daquele projeto pessoal que prometeu a si mesmo que iria fazer.
Não é necessariamente por fraqueza. É por esgotamento.
Então, qual é a estratégia?
Primeiro: pare de gastar sua força de vontade com bobagens. Automatize as pequenas decisões. Deixe a roupa do dia seguinte separada. Planeje suas refeições e onde irá comer. Organize seu dia, tenha uma rotina que automatize parte dos processos. Quanto menos energia você gastar com decisões pequenas, mais terá para as grandes.
Segundo: priorize suas batalhas. Se hoje você tem uma reunião mega estressante que vai exigir todo o seu autocontrole, que vai esgotar você, não assuma outros compromissos estressantes. Faça o seu trabalho, mas escolha aquilo que você faz com mais tranquilidade, que demanda menos energia. Uma batalha de cada vez.
E terceiro, e mais importante: reabasteça o tanque. Assim como um músculo precisa de descanso para se recuperar, sua força de vontade também precisa. Uma boa noite de sono, uma alimentação saudável, uma pausa para meditar, um momento de oração, um tempinho para um café… Tudo isso não é luxo. É o que enche o seu tanque para as batalhas seguintes…
A mensagem é clara: cuide da sua energia.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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