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A nova liderança: menos ordens, mais perguntas

Pensa no melhor e no pior chefe ou líder que você já teve. Tem muitas características que tornam ruim um chefe – e existem qualidades que diferenciam aqueles que se tornam bons líderes. Mas hoje quero destacar apenas um aspecto. 


Provavelmente, o seu pior chefe microgerenciava tudo, dava ordens e esperava obediência cega; ele centralizava todas as decisões. Já o melhor líder, aposto, era aquele que te desafiava, de maneira motivadora, e dizia: “Eu confio em você. O que você sugere? Tem uma ideia para contribuir? Como podemos construir uma solução?”. 

O líder que engaja, que compartilha, é um líder em sintonia com os novos tempos. A velha rigidez hierárquica, o chefe que resolve tudo, apresenta suas ideias e apenas demanda a execução por parte de seus colaboradores, é um modelo falido. Este modelo centralizador gera obediência, mas não gera comprometimento. Ele pode produzir obediência e até medo, mas não gera criatividade, engajamento.

A grande verdade da liderança moderna é criar um ambiente onde as melhores ideias possam surgir, de qualquer lugar da equipe. É parar de dar ordens e começar a dividir a responsabilidade.

E sabe por que isso funciona? A psicologia nos dá a resposta. Décadas de estudo sobre motivação humana, como a Teoria da Autodeterminação, mostram que todos nós temos três necessidades psicológicas fundamentais para nos sentirmos genuinamente engajados.

A primeira necessidade é a de Autonomia. É a necessidade de sentir que temos algum controle, que nossa voz importa, que não somos apenas uma peça numa engrenagem. Quando um líder, em vez de dar a ordem, faz a pergunta “O que você acha?”, ele está tocando positivamente nessa nossa necessidade de autonomia. Ele está dizendo: “Sua perspectiva é valiosa aqui.”

A segunda necessidade é a de Competência. Todos nós precisamos sentir que somos bons no que fazemos e que estamos usando nossos talentos. Quando um líder delega uma responsabilidade real, e não apenas uma tarefa, ele diz: “Eu acredito na sua capacidade de resolver isso”. Ele está alimentando a nossa necessidade de nos sentirmos competentes e eficazes. Além disso, esse tipo de líder estimula a criatividade, o desejo de ser e fazer melhor. 

E a terceira necessidade é a de Conexão. A gente precisa sentir que pertence a um time, a um propósito maior. Quando um líder troca o “faça isso” pelo “vamos resolver isso juntos”, ele para de ser o chefe e se torna parte da equipe. Ele alimenta a nossa necessidade de conexão e de lutar por um objetivo em comum. Ninguém quer se sentir apenas uma peça na engrenagem; todo mundo deseja se sentir relevante. Portanto, a abertura para que o colaborador participe das decisões, proponha soluções e tenha suas propostas acatadas aumenta o engajamento e a motivação. 

Um líder que só dá ordens, que apresenta os planejamentos e programas da empresa já todos resolvidos e apenas informa como as coisas vão funcionar ignora essas três necessidades humanas fundamentais. Já o líder que compartilha, que pergunta, que confia, está, na prática, ativando os três maiores motores da motivação humana.

E essa lógica não vale só para o presidente da empresa. Ela vale para você, pai ou mãe, professor, professora… Dar a uma pessoa a responsabilidade por uma tarefa e a autonomia para decidir como fazê-la gera muito mais maturidade e comprometimento do que uma lista de ordens.

Pegou a ideia?

Liderar, no fim das contas, não é sobre ser o mais forte. É sobre fazer os outros se sentirem fortes.

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras |  Doutor em Educação

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