
Muita gente questiona por que, mesmo consumindo tantos conselhos, livros e podcasts, a vida parece não sair do lugar. Existe uma sensação incômoda e coletiva de eterna espera: aguardamos que alguém nos salve, que uma resposta mágica apareça ou que a oportunidade perfeita bata à porta. Discutimos frequentemente sobre relacionamentos, carreira e saúde emocional, mas ignoramos a base para que qualquer avanço ocorra. É uma regra impopular, mas absoluta: ninguém pode caminhar por você. Noutras palavras, ninguém pode fazer por você!
Vivemos na era da informação abundante. Temos à disposição milhares de especialistas, médicos, psicólogos e consultores. No entanto, é preciso compreender o limite do papel de qualquer orientador. A função externa é ensinar a técnica, explicar o funcionamento da mente ou sugerir direções. Contudo, o ato de caminhar é intransferível.
Você pode ter acesso aos melhores profissionais do mercado e dominar as teorias mais sofisticadas. Entretanto, nada mudará a sua realidade sem a ação prática. A única pessoa com poder real sobre a sua trajetória é você. A decisão de “bater na mesa” e iniciar uma mudança não pode ser delegada.
É comum observar pessoas pedindo socorro diante da angústia de não saberem o que fazer. O pedido de ajuda é legítimo, e a orientação dada por outra pessoa é valiosa — seja para desenhar um plano de ação ou oferecer conforto. Mas o mentor não resolve o problema. Ninguém pode ter aquela conversa difícil com o seu cônjuge no seu lugar; ninguém pode acordar cedo para estudar por você; ninguém pode resistir a um hábito nocivo em seu nome. O enfrentamento é solitário e necessário.
Gosto de pensar no processo terapêutico como exemplo de como as coisas funcionam. Observe: o profissional escuta, analisa, aponta padrões e ajuda a organizar o caos. Ele sugere caminhos e alerta sobre consequências. Todavia, ele não vive a vida do paciente fora do consultório. A transformação interna e a execução das escolhas são responsabilidades exclusivas do indivíduo. O próprio processo de descoberta e cura depende do paciente. O terapeuta não pode fazer pela pessoa aquilo que só ela pode fazer.
Porém, muita gente não dá conta, parece não querer fazer o trabalho difícil. O trabalho difícil é o enfrentamento pessoal do problema. É tomar como base o que tem sido ensinado, filtrar, identificar o que funciona para si e colocar em prática. Quem quer fazer isso? Apenas alguns poucos.
Existe grande perigo em “sentar no problema”. Conhecemos perfis que passam a vida lamentando a sorte, culpando terceiros ou a injustiça do mundo. Essas pessoas desabafam, choram e pedem opiniões, mas a vida permanece estagnada porque terceirizaram a solução. Elas esperam um salvador que nunca virá, pois a única pessoa capaz de resgatá-las são elas mesmas.
Adotar o que a psicologia chama de “Mentalidade de Crescimento” exige sair da posição de vítima. É preciso entender que errar faz parte do processo. Sofrer os efeitos de traições, rejeições, exclusões, bullying e maus tratos dos mais diversos, também faz parte do jogo da vida. Injusto? Sim. Deveria ser diferente? Certamente. Mas ninguém estará livre de problemas. Contudo, estagnar é uma escolha. Esta pode parecer uma notícia dura, mas é, na verdade, libertadora. Afinal, se ninguém pode fazer por você, o seu sucesso não depende da boa vontade alheia, mas apenas da sua atitude.
Portanto, entenda: o conhecimento e o apoio externo são apenas ferramentas; quem constrói a casa é você. Não espere o cenário ideal ou a vontade surgir. Apenas comece.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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