
Qual é o custo da dúvida? Da hesitação? Daquele sentimento de estar sempre com um pé dentro e outro fora de uma situação, de um relacionamento, de um projeto? Essa falta de entrega total rouba nossa energia. Sabota nossos resultados. Nos deixa paralisados.
Vivemos envenenados pela ilusão da escolha perfeita e pelo medo crônico de perder algo melhor, o famoso medo de ficar de fora (FOMO). O resultado disso? Uma vida morna. Uma vida de baixa voltagem. Porque a nossa energia mental está toda espalhada, tentando manter vivas mil possibilidades, em vez de estar concentrada em construir uma única e poderosa realidade.
Dias atrás, li um texto que falava exatamente sobre isso. O autor dizia algo do tipo: Quando você está parcialmente comprometido, você hesita. Você não tem confiança. Você se sente inseguro.
Existe uma história famosa do conquistador espanhol Hernán Cortés – a gente não sabe até que ponto ela é verdadeira. Conta-se que, ao chegar com seus homens para uma batalha que parecia impossível, ele deu uma ordem radical: “Queimem os navios!”. Por quê? Porque sem a opção de voltar, só existia um caminho: lutar com toda a força para vencer. O comprometimento total nasceu da eliminação das outras possibilidades.
Quando você se compromete de verdade, quando escolhe um caminho e decide “queimar os navios” que te levariam de volta, algo poderoso acontece. Quando se compromete de verdade, encontra um foco. A dúvida, que é uma ladra de energia, vai embora. E no lugar dela, surge a clareza, a determinação, a força.
E a ciência confirma isso. Quando tomamos uma decisão, nosso cérebro para de gastar energia com o “e se” e começa a trabalhar a nosso favor. Ele passa a procurar ativamente os motivos pelos quais a nossa escolha foi a certa. Não apenas escolhemos um caminho; começamos a transformar aquele caminho no caminho certo.
Pensa no amor. Enquanto mantém o “catálogo” de opções aberto na sua mente, você nunca vai se entregar de verdade à pessoa real, com defeitos e qualidades, que está na sua frente. O comprometimento total diz: “Eu escolhi você. E agora, a minha energia não é mais para procurar. É para construir. Com você.”
Na carreira, a mesma coisa. Enquanto vê seu trabalho como um “trampolim” para o próximo, você nunca se aprofunda. E por isso, nunca descobre o valor que só aparece para quem decide se comprometer de fato. O comprometimento total diz: “Eu estou aqui agora. Como eu posso ser o melhor neste lugar? Como posso deixar uma marca aqui?”.
E essa aversão à mornidão, tem um eco espiritual profundo. No livro do Apocalipse, há uma mensagem dura, mas poderosa, para a igreja de Laodicéia. O problema daquela igreja não era ser “do mal”. O problema era ser morna.
“Eu conheço as suas obras”, diz o texto, “você não é nem frio nem quente. Tomara que fosse um ou outro! Assim, porque você é morno, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”. É uma imagem forte, eu sei. Mas ela nos ensina que, para Deus, o comprometimento parcial, a fé de conveniência, a entrega pela metade, é algo intolerável.
Entenda: a liberdade não é ter mil opções. Isso paralisa. Isso leva a um estilo de vida superficial, sem compromisso. A verdadeira liberdade é ter a coragem de escolher um caminho, se comprometer com ele, e encontrar a profundidade e a beleza que só existem para quem decide dar o seu melhor no projeto que se comprometeu a construir.
—
Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
Visite meu blog:
http://pegouaideia.com
Siga-me no instragram:
http://instagram.com/ronaldonezo
