Início Colunistas  Celebre o seu Natal imperfeito!

 Celebre o seu Natal imperfeito!

Faltam poucos dias – dá para contar as horas – para a noite mais simbólica do ano. E, se formos honestos, existe uma tensão silenciosa pairando sobre a maioria dos lares. É a tensão da expectativa.
Desde novembro, temos sido bombardeados por belas imagens de Natal. Nos comerciais de TV, nas fotos tratadas do Instagram, nos filmes disponíveis nas plataformas de streaming, os cenários são incríveis – as famílias sorriem em sincronia, vestem roupas que combinam com a decoração, a ceia é digna de um editorial de gastronomia e não há conflitos, manchas na toalha ou crianças chorando.
O problema é que essa imagem, vendida como “o ideal”, é geradora de ansiedade e frustração. Nós olhamos para a nossa sala de estar e vemos a realidade: o tio que fala alto demais sobre política, o cunhado com as piadas desagradáveis, a criança que faz birra antes da sobremesa, o arroz que queimou levemente no fundo da panela, a louça que se acumula na pia e o cansaço visível no rosto de quem cozinhou.
E, na comparação cruel entre o ideal inatingível e o real imperfeito, muitos sentem que o seu Natal “falhou”.
A reflexão de hoje é um convite para diminuirmos as expectativas, encararmos tudo com mais leveza e com disposição para rirmos das “tragédias” que fazem parte desses dias. A melhor estratégia é celebrarmos o Natal real, com suas imperfeições.
A saúde emocional, especialmente em datas festivas, depende da nossa capacidade de aceitação. A busca pela perfeição é uma forma de controle, e o controle é o inimigo da intimidade. Quando estamos obcecados em manter tudo impecável, deixamos de estar presentes. Tornamo-nos uma espécie de gerente de eventos da própria vida, preocupados com os copos e os horários, mas incapazes de sentar e ouvir, de verdade, a história que o avô está contando pela décima vez.
O Natal imperfeito é, na verdade, o único que existe. E ele é belo justamente por causa de seus “defeitos”, o que o faz dialogar com nossa humanidade.
É na imperfeição que a conexão acontece. O riso frouxo geralmente nasce de algo que saiu do roteiro. A memória afetiva que as crianças levarão para a vida adulta não é a da decoração simétrica, mas a do barulho, da casa cheia, do cheiro de tempero e até das pequenas confusões que, anos depois, viram histórias engraçadas.
Além disso, há um componente espiritual que costumamos esquecer. Se a data celebra o nascimento de Jesus, vale lembrar o cenário original dessa história. O primeiro Natal não aconteceu em um palácio limpo e silencioso. Aconteceu em um estábulo, um lugar de improviso, cheiros fortes, animais e feno. Foi, em essência, um evento “bagunçado” e fora do plano ideal. A sacralidade não estava na perfeição do ambiente, mas na presença do Amor que nascia ali.
Portanto, nesta reta final de preparação, proponho um pacto de “baixa expectativa” e “alta presença”.
Relaxe as regras. Permita que a toalha suje. Aceite que nem todos os convidados estarão de bom humor o tempo todo. Entenda que, em algum momento, alguém vai dizer algo inadequado. Isso não é um desastre; isso é família. Isso é gente de verdade tentando conviver e se amar, apesar das diferenças.
Não sacrifique a sua paz para tentar manter a aparência. O melhor presente que você pode oferecer à sua família não é uma ceia instagramável, mas estar presente de corpo e alma com as pessoas que você ama.
Que o seu Natal seja barulhento, real, com falhas e improvisos. Porque é no meio dessa “bagunça” humana que a vida — e o amor — acontecem de verdade.

Ronaldo NezoComunicador SocialEspecialista em PsicopedagogiaMestre em Letras | 

Doutor em Educação

Visite meu blog: 
http://pegouaideia.com

Siga-me no instragram: 
http://instagram.com/ronaldonezo

COMPARTILHE: