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Em quem você confia?

Consegue pensar em alguém? Tem alguém próximo de você que realmente te inspira confiança? Alguém com quem você pode abrir o coração? Quem é digno de confiança? Quem é capaz de guardar um segredo? Quem está próximo de você e te avisa quando há perigo? Entre as pessoas próximas, existe alguém que não fala mal de você quando não está por perto? Tem?

Se você não precisa pensar muito para responder, sinta-se uma pessoa abençoada; sinta-se alguém privilegiado.

Este talvez seja um dos nossos grandes dilemas: em quem confiar?

Confesso que tenho dificuldade para fazer uma pequena lista com pessoas confiáveis e que valorizam a amizade para além do jogo de conveniência.

O ser humano nunca foi plenamente confiável. Tem natureza má. Dos animais, provavelmente seja o mais perigoso. Enquanto os animais agem totalmente de forma instintiva – ou seja, é possível prever o que um animal vai fazer -, os humanos, em sua capacidade de pensar, também podem dissimular, trair.

O humano é capaz de sorrir, apertar sua mão, abraçar – dividir a mesma casa com você – e ainda assim, quando vira as costas, diz inverdades, cria factoides, faz comentários maliciosos. Prefere dizer ao outro a confrontar diretamente, recomendar, orientar… Ou, quem sabe, até corrigir.

Sim, o ser humano pode ser mal. E pode fazer mal.

Entretanto, por inocência, imprudência ou sei lá o quê, por vezes, as pessoas deixam suas vidas nas mãos de outros. Confessam segredos, dividem fofocas e, no dia seguinte, frustram-se ao descobrir que o “melhor amigo” traiu sua confiança.

Não deveria ser assim. No entanto, entre os humanos são raros aqueles que agem de maneira sincera, leal; são poucos os que se apoiam sem pensar em reciprocidade; contamos nas mãos aqueles que protegem, que amam de verdade.

Porém, como tenho frequentemente repetido, não somos ilhas; precisamos do outro. No trabalho, dividimos tarefas. O sucesso se garante por um trabalho de equipe e em equipe. Na faculdade, não é diferente – quem se isola, perde. Na família, as conexões são fundamentais. Na família, encontramos o suporte que nos faz atravessar os vales. Carecemos de afeto e os amigos também podem tornar nossos dias mais leves.

E aí você pergunta: como conciliar nossa necessidade de conexão e, ao mesmo tempo, a falta de pessoas em quem podemos confiar?

Aprendi três coisas que quero compartilhar com você.

Primeira, as pessoas realmente confiáveis são raras. Por isso, é preciso tempo para identificar em quem podemos confiar. Nas dinâmicas de relacionamento, vamos observando, testando… Até saber quem é confiável e quem não é. E vale o lembrete: quem fala para você de outras pessoas, também fala sobre você para outras pessoas.

Segunda coisa, nem sempre as pessoas mais confiáveis são as mais legais. Às vezes, queremos uma pessoa super, hiper, mega simpática em nossa vida, que tope todos os nossos programas e ainda que seja totalmente confiável. Isso é um pouco demais! Pacote completo é raridade (por sinal, geralmente desconfio de gente muito legal). Lembre-se, para algumas situações, precisamos de alguém confiável, que guarde um segredo, que saiba nos ouvir. Para outras, só precisamos de alguém pra jogar futebol, passear no shopping, rir de nossas piadas…

Terceira coisa que aprendi: existem diferentes tipos de amizade. Adoraríamos que todas as pessoas fossem perfeitas. Mas você não é perfeito(a) – também não sou. Precisamos aprender a conviver com as pessoas e seus defeitos. Algumas pessoas serão boas companhias para falar do governo; outras serão interessantes para discutir sobre trabalho; existirão aquelas que vão participar de sua intimidade e ainda poderão estar contigo aquelas que estarão dispostas a te ouvir, te orientar.

Pegou a ideia?

Apenas dois últimos lembretes. Primeiro, aceite que em algum momento você será traído(a). Segundo, seja prudente. Poucas pessoas servem para guardar um segredo, mas isso não quer dizer que seu mundinho precisa se resumir a duas ou três pessoas. Muita gente pode conviver contigo e tornar alguns dos momentos do seu dia bastante agradáveis. É só exercitar a sua inteligência emocional.


Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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