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A moral e os bons costumes

      Os recentes escândalos envolvendo os ex jogadores de futebol, Robinho e Daniel Alves, processados e condenados por estupro e as denúncias  contra médicos ginecologistas, acusados e violação sexual de pacientes, nos levam a  refletir sobre  como a moral e os bons costumes foram se modificando ao longo das últimas  décadas.

      Nos anos 50, 60 até meados dos 70,  contatos mais íntimos antes do casamento, entre namorados, eram considerados atentatórios os bons costumes, que exigiam, sobretudo das mulheres, a manutenção do que podemos chamar de castidade, mas nem tanto dos homens.

Sobre castidade, do ponto de vista religioso, encontramos no site Minha Biblioteca Católica, o seguinte:

‘Mandamento a respeito aparece pela primeira vez no livro do Êxodo: “Não cometerás adultério.” Essa proibição explícita contra o adultério é uma declaração direta da importância da fidelidade no casamento e da pureza sexual. No Deuteronômio, quando o povo estava prestes a entrar na terra prometida, o sexto mandamento é reafirmado, enfatizando a fidelidade matrimonial, bem como o princípio da castidade.

O Novo Testamento também aborda a castidade e a pureza sexual, agora de forma plena, sob a luz de Cristo, no Sermão da Montanha, apresentando uma visão mais profunda da castidade: “Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério.’ Mas eu vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher com maus desejos, já cometeu adultério com ela em seu coração.”  Isso significa que a castidade não se limita apenas às ações, mas se estende aos pensamentos e desejos do coração.’

Voltando ao início do texto, fica patente o machismo que ainda prevalece e muitos homens se sentem no direito de abusar das mulheres, inclusive de  maneira criminosa, como Robinho e Daniel Alves, casados, que deixaram as esposas em casa, indo para baladas, um costume que vem de longa data, mas que hoje é inaceitável para maioria das mulheres.

O caso dos médicos é   ainda mais delicado,  pois a medicina é considerada um verdadeiro sacerdócio, sendo um ‘crime hediondo’, embora não tipificado no ordenamento jurídico, a fato de profissionais não terem o equilíbrio necessário para não se deixar levar por instintos, no atendimento de pacientes, muitas vezes fragilizadas.

Falamos em sacerdócio e  lembramos de situações de alguns  sacerdotes, pastores  e outros  religiosos, que se envolvem em situações de pedofilia e  outros abusos. Incrível como o Vaticano insiste na manutenção do celibato e a proibição de mulheres exercerem os serviços sacerdotais. Talvez seja fruto da ideia de inferioridade do sexo feminino, que faz parte do antigo testamento, desde a suposta criação do primeiro homem, na figura de Adão e só depois a primeira mulher, a partir de uma de suas costelas, tendo eles dois filhos, Caim e Abel, homens.

 A lógica e razão não nos deixam acreditar  que a humanidade terrena tenha surgido daí, e todos os problemas na área da sexualidade da mulher, sejam decorrentes do chamado ‘pecado original’, da tentação da serpente, que teria levado Adão e Eva a comerem o ‘fruto proibido’.Com todo respeito aos acreditam, não faz sentido.

Sobre o título, precisamos tomar cuidado com o uso demagógico da expressão ‘moral e bons costumes’, nas campanhas políticas e de desinformação, como vemos em artigo no site da BBC News, em matéria de setembro 2022:  Expressões e palavras parecidas a essas, com forte cunho moral e apelo à identidade social do público, apareceram com frequência em 92 mil textos de língua inglesa analisados pelo pesquisador espanhol Carlos Carrasco-Farré.

 Com isso se tenta influenciar psicologicamente ou por intermédio de ideias que expressam um ataque à identidade social  do leitor, conclui o estudo. Algo que, com base em pesquisas e observações, estudiosos dizem ocorrer também no Brasil, em período eleitoral, e de 2019 a 2022, quando muito se falou em família e conservadorismo,  embora sem exemplificação, dos que assim  se expressavam.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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